Vergonha. Esse é o sentimento dos fãs do LoL brasileiro, após a derrota da LOUD contra a GAM no MSI 2024. Depois das expectativas elevadas, mesmo perdendo contra a TES, o Brasil sofreu mais uma derrota precoce em uma competição internacional de League of Legends.
E aqui, além de entender mais sobre a partida, vamos analisar essa performance e mostrar um estudo mais profundo dos erros da LOUD.
LOUD x GAM – O fim de um sonho

Após ver os jogos da LOUD contra a Top Esports e da GAM contra a Fnatic, muitos estavam dizendo: “A vitória era obrigatória”. A equipe da LOUD estava bem preparada, com um plano de jogo bem estruturado e tinha largas vantagens nesse confronto. Por outro lado, a GAM chegou ao MSI com três jogadores substitutos, com claros problemas de sincronia.
Por conta disso, era esperada uma vitória da LOUD, sem muitas dificuldades. Inclusive, era de se imaginar que a série da Verduxa seria contra a Fnatic, que estava esperando logo em seguida. Contudo, a realidade foi cruel, com uma derrota por 2-1. Durante a série, conseguimos ver três LOUD’s diferentes, a agressiva, a que comete erros cruciais e a passiva.
Como foram os jogos?
Antes de tudo, no primeiro jogo, a LOUD foi com uma composição forte, apostando em lutas bem rápidas e uma preparação inteligente.
Mesmo com campeões focados no late game, eles conseguiram ditar as regras e dominaram a partida inteira. A presença de mapa era bem nítida, mostrando como eles estavam preparados. No fim, a vitória veio, deixando os torcedores bem esperançosos.
Logo depois, no segundo mapa, vimos a LOUD com um plano de jogo um pouco estranho. Eles optaram por trazer um jungler de dano, o Viego, que precisa de um alvo fácil para poder resetar. Mesmo com lutas boas, a GAM estava conseguindo segurar o jogo e convertendo a vantagem adversária.
No final das contas, em uma série de lutas ruins, a LOUD perdeu um jogo ganho, deixando a série empatada.
Em seguida, no terceiro mapa, muitos erros aconteceram logo na fase de picks e bans. A GAM teve uma vantagem muito grande nas escolhas, com pressão em todas as rotas. Mesmo com algumas escolhas de conforto, a LOUD tinha campeões focados no late game, que acabou nem chegando.
Vimos o desastre acontecer em nossos olhos, com a GAM vencendo tranquilamente e eliminando todas as esperanças do Brasil.
O que foi que deu tão errado na campanha da LOUD?

Depois de alguns dias da eliminação da LOUD, deu tempo de analisar todos os erros da equipe. Mesmo com uma proposta de jogo sólida, eles ainda estavam com foco de jogar em cima dos erros adversários. Essa tática pode dar muito certo no cenário brasileiro, mas em nível internacional, as equipes precisam apostar mais.
Em muitas lutas, a LOUD focava em esperar o time adversário errar e tentar punir de certa forma. Contudo, em alguns momentos, isso acaba dando bastante errado, com algumas prolongações, focos errados e entre outros motivos. Mesmo sendo um time inferior, estamos falando de nível internacional onde qualquer erro é fatal.
No Brasil, estamos acostumados em ver a LOUD ditando as regras dos jogos, punindo todos os erros adversários. Isso acaba dando muita vantagem, fazendo com que a equipe cresça em um nível assustador. Porém, quando eles tentam aplicar isso internacionalmente, diversos problemas acabam surgindo. Falta de sincronia, lutas desnecessárias, aceitar o controle de objetivos e muito mais.
O problema foi contra a TES?
Quando eles enfrentaram a TES, era difícil ver erros tão escancarados, porque estávamos vendo o top 2 da China jogando. A partida era para ser unilateral e a derrota era certa. Mesmo assim, a LOUD mostrou um pouco do seu estilo, jogando dentro do conforto e com lutas em conjunto.
Agora, contra a GAM, vimos alguns erros que não podem acontecer em uma partida decisiva. Primeiramente, no segundo mapa, a LOUD aceitou lutas que não eram favoráveis. Eles tinham a vantagem e não precisavam dar engage na GAM. O foco deveria ser coletar recursos, puxar as lanes e lutar após gastar as habilidades e feitiços mais importantes dos adversários.
Contudo, vimos outra realidade. A composição da LOUD precisava de um dano explosivo, mas acabaram optando por usar Senna, Taliyah e Viego, fora o K’Sante, que atualmente é um tanque, sem tanto dano explosivo. Aos 27 minutos de jogo, a LOUD estava na base adversária e acabou tomando uma decisão errada, que poderia ter convertido em uma vitória tranquila.
Em outras palavras, ao invés de focar o lado mais fraco, eles foram em direção dos tanques, dando tempo do Urgot chegar para a luta. Por conta disso, a LOUD foi totalmente suprimida e a vantagem de 4k de ouro foi diminuindo. Mesmo não sendo a luta decisiva, ela acabou entregando uma gama de oportunidades para a GAM.
Para encerrar o assunto do segundo mapa, na luta do dragão ancião, que era a derradeira, vimos um erro bem grande. Ao invés de preparar o terreno e esperar a GAM entrar, eles foram em direção do mid, onde todos os adversários estavam. Dessa forma, sofreram uma série de controles de grupos e foram eliminados, acabando com o jogo.

E o terceiro mapa? O que foi que aconteceu?
O terceiro mapa foi o apagão total por parte da LOUD. Logo nos picks e bans, vimos a LOUD deixando a GAM extremamente confortável. Eles fizeram novamente escolhas de conforto, mas isso habilitou com que os adversários pudessem ter muita força no começo do jogo. Além do mais, faltava para a LOUD alguém para organizar as lutas e principalmente um apoio especial para a rota inferior, que estava, pela terceira vez, com a Senna.
Uma das maiores possibilidades que a LOUD poderia ter, era mudar um pouco o draft. Com apenas duas escolhas diferentes, eles teriam um estilo de jogo mais na cara deles. Na ocasião, eles deram de first pick a Senna, mas poderiam ter apostado no Nautilus, deixando a escolha de jogar de Zeri ou Senna na mão da GAM.
Além disso, para desabilitar a possibilidade de ter uma Akali no mid, eles poderiam ter a Taliyah novamente em mãos. Com isso, as lutas da LOUD seriam mais tranquilas, sem ter que apostar em um late game, ainda mais em um jogo decisivo. Inclusive, em diversos vídeos e entrevistas, Tinows disse que eles se adaptaram mal às escolhas da GAM.
Dentro do jogo apenas vimos uma equipe apagada, que aceitava o que era ditado. Com isso, a LOUD foi sendo sugada e foi vendo a GAM jogar muito melhor. Além disso, por precisar de um late game sólido, eles estavam desistindo de algumas lutas, fazendo com que a GAM conseguisse crescer demais. No fim, a LOUD foi derrotada, deixando tal sentimento amargo na boca dos torcedores.
Existe alguma solução para o Brasil internacionalmente?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. A derrota da LOUD pode ter sido amarga e complicada, mas ainda é a nossa maior representante internacional. Eles foram campeões 4 vezes seguidas e isso não pode ser apagado. A presença da equipe em palco estrangeiro é muito forte, conseguindo conquistar muitos bons parceiros de treinos.
Atualmente, não conseguimos pensar em uma equipe que poderia ter uma performance melhor. Muitos dizem que a paiN Gaming iria conseguir jogar melhor, mas qual é a certeza disso? No fim, quem vai para os campeonatos internacionais, é o melhor time do país e a LOUD é o melhor time do Brasil.
Antes de tudo, não tem como falar de solução, se os erros cometidos são sempre os mesmos. O que é necessário é uma mudança de mentalidade e corrigir certos nervosismos. Aparentemente, as equipes quando vão para o MSI ou Worlds, acabam deixando o nervosismo agir e a pressão se sobressai. No fim, os maiores problemas dos times que jogam esses campeonatos, são eles mesmos.
Isso é um fato que acontece em diversos outros jogos. No VALORANT esports, isso é um ponto muito importante, que é levantado pela LOUD. Eles trabalham ativamente com um psicólogo, que busca blindar a mente dos jogadores, evitando que os comentários e pressão cheguem nos jogadores. Com isso, eles conseguem focar apenas no seu plano de jogo, evitando todas dores externas.
Concluindo, os times brasileiros de League of Legends precisam, acima de tudo, conseguir blindar a mente. Com isso, eles vão ter um foco total no jogo. Isso vai trazer resultados para o time, mesmo que cause uma distância com a comunidade. No fim, as vitórias vão vir e ainda terá o apoio dos torcedores.