A LOUD não possui mais chances de se classificar para os playoffs do VCT Américas e para o Champions 2024. Depois da derrota contra a Leviatán, a equipe se viu numa situação complicada, porque é a primeira vez que eles não conseguem a classificação.
Para entender melhor o que está passando com a equipe, conversamos com exclusividade com o Less. O jogador contou sobre os problemas da equipe, decisões passadas e muito mais. Confira!
“Essas derrotas estão sendo muito pesadas para mim”
Antes de tudo, acredito que a melhor forma de começar a entrevista seria perguntando sobre o jogo contra a Leviatán. Vocês começaram bem a série, mesmo perdendo o primeiro mapa. Fizeram uma primeira metade dominando, vencendo por 8-4, pelo lado da defesa da Lotus. Contudo, depois disso, parecia que o time sofreu um apagão completo. Com isso, queria saber o que foi que aconteceu nessa série, de acordo com a sua visão:
“A Lotus foi uma escolha nossa, um mapa de conforto. Nós conseguimos embalar bem e eu acredito que foi por alguns alguns detalhes que a gente não conseguiu levar o mapa. Por outro lado, essa Icebox é um mapa muito confortável deles. Acredito que eles jogaram duas vezes no mapa, ganhando em ambos os momentos, enquanto que a gente já tinha perdido
A composição deles era a nossa antiga composição de agentes. Eles não jogam com controlador e ela acaba sendo muito baseada em trocas de tiros. Era uma composição que realmente é só trocação de tiro, então eles estavam em um dia melhor e a gente não estava tão bem.
Com isso, acabou que o jogo ficou muito difícil. Eles já vieram embalados de ter ganho a Lotus em cima da gente. Então eles só passaram por cima da gente mesmo. Eu acredito que a gente não teve um apagão, mas sim que não tivemos um bom mapa e eles foram bem melhores que nós, principalmente na Icebox.”
Entre a semana anterior e essa semana, a LOUD foi um dos times mais comentados nas redes, por conta das tomadas de decisões da equipe. Contudo, nessa rodada, vocês mostraram uma mudança na composição, que era bem pedida pela comunidade. Então, queria saber como foi o processo do tuyz assumir a posição de duelista e o Saad com o seu flex:
“Nós não damos tanta importância assim para os comentários exteriores, a gente tenta focar mais na nossa bolha. Nós vimos que a gente estava perdendo e fomos analisar o que estava acontecendo com essas derrotas. Tipo, depois do jogo contra a FURIA, percebemos que estávamos sem confiança.
Nós estávamos sem confiança e jogando sem nenhum capricho. A gente tava finalizando round muito mal individualmente, todo mundo estava muito ruim individualmente. Cada um de nós não estava fazendo bem o seu papel dentro do jogo. Em relação às decisões do tuyz para duelista, vou falar bem o que aconteceu.
O Saadhak pediu para sair da função de duelista. Ele disse que não estava muito confortável e provavelmente viu o que a torcida estava falando, que ele não era bom e que o tuyz foi muito melhor de Jett, na Ascent. No fim, ele chegou, disse que não estava confortável de duelista e que o tuyz iria mandar muito melhor do que ele.
Eu não fui tão a favor dessa decisão, porque faltavam apenas dois jogos para a gente mudar tudo. Não acho que uma troca de função de duas semanas vai resolver alguma coisa. Acredito que a gente só tem que consertar o nosso estilo, mas ele disse que não tava confortável jogando de duelista e o tuyz acabou assumindo o papel.”
A escolha de Saadhak

Na semana passada eu entrevistei o Saadhak e ele disse sobre não estar confortável em estar jogando de duelista. Além disso, ele afirmou que não sentia que causava muito impacto com a função. Então, queria entender se o fato de não ter um jogador especializado como duelista foi importante nesses resultados negativos:
“Eu acredito que depois dessas derrotas realmente demonstrou isso. Com a saída do aspas, a gente tentou compensar de outras formas, a gente não tentou pegar um duelista tão bom quanto ele, porque no mercado não tem. No Brasil, realmente não tinha como pegar um jogador com skill, igual ao aspas.
Então, a gente tentou compensar de outras formas, pegando o qck. Pensamos em ter ele fazendo outras coisas, o plano era que ele ia trazer os agentes que talvez estariam mais roubados, como o Phoenix. Eram agentes que a gente já tinha tentado explorar, mas que não haviam dado tão certo em grande parte das vezes. No fim, o resultado foi o que vimos no Kickoff e no último split.
Então, com isso, começamos com a conversa de quem seria o novo duelista. Acho que peu disse isso em algum vídeo, mas foi uma escolha do Saadhak. Antes dessa decisão, eu cheguei nos coachs e disse que queria ser o duelista do time. Contudo, o meu foco era ser uma Jett e Reyna player. Depois de ver alguns vazamentos, onde que a Neon, Iso e Reyna iriam receber buffs, entendemos que o manito seria a melhor opção.
Porém, realmente, depois desses jogos, deu para ver que o duelista tem que ser aquele que entra e mata. O meta atualmente é esse, ele precisa brilhar mesmo e não tem o que fazer. Não dá para ser aquele duelista que entra, morre e o time depois vai tentar conseguir brilhar. Ele precisa ser o ‘star player’ e fazer a diferença na função.”
Sei que a derrota é recente e que o split ainda não acabou. Porém, fica a questão sobre o futuro da equipe. Não falando de mudanças, até porque esse não é o tópico. O que eu quero saber é sobre os planos do time e os seus para os próximos dias. Vocês planejam vir para o Brasil, jogar algum campeonato offseason ou algo assim?
“Falta muito tempo para o próximo campeonato. Ele vai ser em Janeiro, provavelmente, igual todos os anos. Como agora é Julho ainda, então teremos 5 meses para os próximos jogos oficiais. Então, provavelmente nós vamos voltar para o Brasil, dar uma descansada. Sobre as mudanças futuras, quem vai definir isso vai ser a LOUD, então fica na mão deles. Nas férias devemos jogar uns offseasons, ao contrário do ano passado. Acho que é isso.”
Redenção, Less e o futuro da LOUD

Muitos dizem que o último jogo de vocês, contra a 100 Thieves, pode ser uma espécie de redenção. Gostaria de saber como você vai levar essa última partida do ano de vocês. Vai ser realmente algo como uma redenção, uma forma de testar as mudanças da LOUD ou algo parecido?
“Nós vamos continuar treinando até acabar o campeonato, por respeito aos adversários, por respeito ao que a gente trabalhou até aqui. Porque a gente se esforçou muito, mas eu acredito que, mesmo a gente ganhando de 2-0, com os dois mapas terminando 13-0, não é uma redenção.
Não importa se a gente ganhar um jogo de um time e o nosso não tá valendo nada. Problemas se a gente ganhar, até peço perdão, mas não tá valendo nada. Então, se a gente ganhar, vai ser por respeito ao nosso trabalho e não por uma chance de redenção a um ano horrível. Não tá valendo nada. O resultado do nosso último confronto ser positivo, não vai salvar ninguém. Nós já estamos eliminados e a gente tem que lidar com isso.”
Uma coisa que vem chamando muita atenção é o quanto você (Less) transparece sentir muito essas derrotas. Nas últimas entrevistas, você apresentou uma feição cansada e bem abatida. Inclusive, hoje mesmo você está um pouco assim. Então queria saber o quanto essas derrotas vem te afetando e como você está fazendo para lidar com elas?
“Lucas, essas derrotas estão sendo muito pesadas para mim. Porque eu acho que eu nunca me esforcei tanto igual esse split. Eu realmente estou fazendo tudo que os coachs me pedem, tudo que os jogadores me pedem, tudo que a org me pede, eu tô fazendo. Eu tô realmente tentando muito. Tipo o Dodô (stk) passou muitos feedbacks para mim esse split, eu corrigi todos. O Matias (saadhak) também me passou vários feedbacks, eu acolhi todos. Me pediram para jogar com o Cypher, fui feliz da vida.
Contudo, nada dá certo. É muito muito frustrante, porque a gente tá jogando bem os treinos. A gente treina contra times do VCT Américas a gente ganha, nós treinamos contra times do Challengers NA e a gente arregaça. Essa foi a pior temporada de todas, porque a gente foi eliminado muito cedo. Além disso, a gente perdeu para times que a gente nunca perderia, se a gente tivesse jogando nosso padrão.”
Depois de ver o jogo contra FURIA, uma questão acabou ficando no ar. Você acredita que, se não tivessem perdido aquele jogo, vocês ainda iriam fazer tais mudanças? Acredita que poderiam ter tido um futuro diferente?
“Vou passar minha visão. O Saad foi, provavelmente, o melhor jogador, em estatísticas, no treino. Isso é uma informação do nosso time. Tipo, ele tá jogando realmente muito bem os treinos, muito bem mesmo. Então, a gente só tirou ele duelista porque ele quis, ele deve ter sentido um pouco da pressão da torcida. Ele não falou muito, ele só disse: ‘Cara eu não tô confortável e o Tutu (tuyz) tá quebrando na Ascent.’
Eu não vou desconfiar do jogador que eu tenho. Se o cara quer jogar com isso, ele joga, se o cara não quer jogar com isso, ele não joga. Então, se a gente tivesse jogado contra a FURIA e ganhado, com o Saad matando 30, eu aposto que ele ia estar muito confortável. Porque ele realmente estava matando muito no treino e a gente teve pouca oportunidade no campeonato.
Todos os nossos jogos são com uma corda na garganta. Porque qualquer jogo que a gente perder, já era. Então, eu sinto que ele não teve a oportunidade suficiente para brilhar. Porque mesmo que eu tenha falado mais cedo, que o duelista tem que matar, o Saad estava sendo o cara que mata.
Só que realmente faltou oportunidade, que não foi só para ele, mas para todo o nosso time. Eu realmente confio muito em todos os jogadores que a gente tem e na staff também. Sinto que a gente tá muito bem taticamente e a gente tem jogadores muito bons. Só realmente faltou encaixar durante o campeonato.”

Para finalizar, você é um jogador muito novo, mas que possui uma bagagem muito grande de aprendizado dentro do VALORANT. Você vê que essa falta de idade e por consequência de experiência, pode estar impactando você? Além disso, o quanto esses problemas estão te ajudando a evoluir e se tornar uma nova pessoa?
“Eu sinto que essa temporada tá me fazendo ser melhor como pessoa. Porque como jogador, eu sinto que estou com muita mira. Eu sinto que eu tô jogando bem. Só realmente não tá nada dando certo pro nosso time, não tá dando certo para mim. Sinto que eu tô muito bem, nunca joguei tanto igual essa temporada.
Realmente estava me fazendo ser melhor. Como uma pessoa, eu tô conseguindo lidar muito bem com o time, eu espero que eu esteja sendo um bom companheiro. Sobre responsabilidade no time, meio que eu sou um pouco um pilar de confiança do time. Em relação a mira, em relação ao que eu faço dentro e fora do servidor. Então eu tenho que assumir o papel de líder.
Eu sou o cara que vai passar confiança para o time, eu sou o cara que vai estar cuidando do time pelo mapa. Então, realmente eu tenho um papel importante e eu sinto que eu fiz bem ele, durante essa temporada. O problema real foi o encaixe, que acabou não acontecendo da forma na qual eu queria.”