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Depois de algumas polêmicas envolvendo o cenário e desenvolvimento do FPS, o Ministro de Assuntos Digitais da Ucrânia pedirá a suspensão da distribuição do jogo nas principais plataformas.

Atomic Heart pode ser proibido na Ucrânia
Atomic Heart pode ser proibido na Ucrânia

Reprodução: XboxEra

O jogo inspirado na saga Bioshok, desenvolvido pelo estúdio cipriota Mundfish e publicado pela Focus Entertainment, que também publicou jogos como a franquia A Plague Tale, Insurgency: Sandstorm e Farming Simulator, foi recebido relativamente bem pela crítica e pelos jogadores. Com notas entre seis e nove sobre 10 nos principais canais de mídia, pode se dizer que Atomic Heart, um dos jogos mais esperados do começo do ano, teve um lançamento bem aceitável, em contraste, por exemplo, com Forspoken que, no momento da escrita desse texto, tem a nota de 3.4 de 10 no Metacritic.

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Polêmicas cercam o jogo que pode ser proibido no país

No entanto, o jogo vem sofrendo uma série de acusações pesadas e o futuro do título é incerto. A começar com que o jogo se passa em, segundo os criadores do jogo, “uma utopia de um universo paralelo” da União Soviética em 1955, onde a tecnologia pós-guerra avançou muito. Nessa narrativa são inseridos diversos fatores como o comunismo soviético, o serviço secreto KGB e outros elementos “pró-soviéticos”. Claro que todos esses elementos fazem parte da narrativa já que o jogo se passa na Rússia, mas certas descrições podem cair mal considerando a situação geopolítica da região atualmente. Vale constar que, obviamente, o jogo já está sendo desenvolvido há muito tempo e o objetivo dos desenvolvedores não necessariamente seria apoiar qualquer jogada política. Tamanha é a polêmica, que no próprio site da empresa, a Mundfish se define como “um incrível time internacional de criativos de 10 países diferentes, incluindo Polônia, Ucrânia, Áustria, Geórgia, Israel, Armênia, Emirados Árabes Unidos, Sérvia e Chipre”.

Nessa lista, no entanto, são citados somente nove países diretamente, sendo omitido o detalhe de que, aparte de dois dos fundadores da empresa serem russos, grande parte do time é moscovita, como é possível ver na página do LinkedIn da Mundfish. Sem contar com que, de acordo com um texto publicado na PCGamesN, uma das principais empresas investidoras da Mundfish, a GEM Capital, teria ligações diretas com a Gazprom e o VTB Bank, os quais são propriedades maioritárias do governo russo e, assim, estariam ligados com o conflito na Ucrânia.

Baseado nessas informações, o Ministro de Assuntos Digitais ucraniano, Alexander Bornyakov, disse que mandará uma carta as empresas Sony, Microsoft e Valve para banir a venda de Atomic Heart na Ucrânia. O ministro também comentou sobre a venda do jogo em outros países:

“Nós pedimos a limitação da distribuição desse jogo em outros países devido a sua toxicidade, potencial coleta de informações de usuário e possibilidade de transferência para terceiros na Rússia e, também, o potencial uso do dinheiro envolvido na compra do jogo para financiar a guerra contra a Ucrânia” disse o ministro há dev.ua, um site de notícias ucraniano. Sobre a questão da transferência de dados, foi encontrada uma parte, agora indisponível, dos termos e condições do jogo na versão russa que daria o direito a empresa de repassar a informação de usuários russos, incluindo nome completo, telefone, endereço de IP, etc. para o governo.

Declaração oficial sobre o jogo
Parte dos ToS em russo, agora retirado da lista.

Por último, Bornyakov comentou que encorajaria os jogadores a ignorarem e boicotarem o jogo, e que os desenvolvedores não teriam se manifestado contra a guerra. No entanto, possivelmente prevendo algum tipo de polêmica, a desenvolvedora tuitou, através da conta oficial foi jogo, que é “indiscutivelmente a favor da paz e contra a violência”.

Após receber mensagens de todos os tipos, o compositor Mick Gordon, responsável por algumas das trilhas sonoras mais memoráveis da história dos videogames, como a de DOOM e Wolfenstein, se pronunciou no Twitter, e disse que todo o dinheiro que teria recebido pela composição feita para o jogo foi doado para a causa ucraniana da Cruz Vermelha Australiana, e comentou aos seus seguidores que qualquer tipo de doação à causa era não só bem-vinda, como necessária.

Por último, existe um vídeo bem completo sobre todas as questões abordadas nesse texto do YouTuber ucraniano Harenko. Para os leitores que falam inglês, a visita ao vídeo é indicada.

Atomic Heart é, indiscutivelmente, lindo. Com uma gameplay muito parecida a de Bioshok Infinite e Prey, o jogo single-player parece ser divertido e empolgante, mas a bagagem que ele traz vai ser, sim, o motivo pela qual muitas pessoas deixarão de jogá-lo.

E você, o que acha sobre toda essa polêmica? Não deixe de comentar e nos marcar através das nossas redes sócias!