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Sephis, BeellzY e Nono, parte das pessoas que trabalham nos bastidores da equipe da LOUD
Sephis, BeellzY e Nono, parte das pessoas que trabalham nos bastidores da equipe da LOUD – Fonte: Reprodução/LoL Esports

A LOUD deu adeus ao Worlds 2023, com uma despedida triste e amarga. Depois de ganhar da GAM Esports, por 2-0, aplicando um jogo bem controlado, eles se reencontraram, mas com um resultado diferente. Com uma série apagada, a equipe brasileira sofreu uma dura derrota, por 2-0. Para entender mais sobre isso, conversamos exclusivamente com o Sephis, treinador assistente da equipe.

Conversamos sobre a série, problemas que surgiram no caminho da LOUD e coisas que poderiam ter sido feitas diferentes. Foi possível entender melhor o que foi que aconteceu, sob uma visão dos bastidores, de alguém que não estava dentro do jogo.

“Acho que a gente deveria ter performado a nível dessa expectativa, mas infelizmente isso não aconteceu”

A expectativa em cima da LOUD era gigantesca. Essa foi a primeira vez, que vimos uma equipe brasileira ir a três campeonatos internacionais em sequência e quase com a mesma line, trocando apenas o atirador, no início de 2023. Com isso, o sabor da derrota acaba sendo mais amargo e isso é indiscutível. Sephis comentou um pouco sobre essa expectativa em cima deles e um pouco da jornada no mundial:

Eu acho que, focando primeiro na expectativa da torcida, eu acho que essa expectativa é justa. É uma line-up muito experiente e já teve diversas oportunidades internacionalmente. Então, mandar um time três vezes seguidas, com certeza, deixa as expectativas bem elevadas.

Por isso é compreensível as pessoas estarem chateadas com o que mostramos. Acho que a gente deveria ter performado a nível dessa expectativa, mas infelizmente isso não aconteceu.

Sobre o que aconteceu durante a nossa jornada nesse Mundial. Eu acho que a gente pode falar sobre um conjunto de fatores. Acho que desde stress mental e até alguns tropeços que a gente teve aqui e ali durante os treinos. Acredito que a gente poderia ter aproveitado melhor os nossos treinos durante o Worlds.

Assim como o player e staff, acho que a gente poderia ter dado uma direção mais saudável e mais inteligente. Por conta das coisas que a gente tava fazendo durante os treinos e aproveitado melhor numa visão mais geral.

Agora, sobre a nossa performance no game. É minha opinião, porque, no caso, a gente ainda não conversou ainda junto, como um time. Porém, na minha opinião, eu não acho que a gente jogou muito bem individualmente. Acredito que fomos meio falhos individualmente.

Acho que a gente tinha boas ideias de draft hoje. Porém, infelizmente por vacilo nosso durante o jogo contra PSG, a gente tá nessa situação. Nós nos colocamos nessa situação e hoje a gente não performou bem individualmente. Eu diria que foi um coletivo, um conjunto Acredito que nossa preparação não foi das melhores.”

Toda vez que acontece um jogo, ficamos nos questionando sobre escolhas, principalmente nos picks e bans. Certos campeões acabam sendo prioridade e outros não aparecem. Com isso, surgem comentários, dizendo que determinado jogador não possui tal campeão e por aí vai.

Sephis comentou sobre como é essa prioridade. Porque vimos a LOUD escolher algumas coisas que, numa visão analítica, pareciam estranhas. Por isso é interessante saber se os picks seguiam uma ideia de conforto ou se era algo focado dentro do meta e estilo de jogo da própria LOUD:

“Eu acho que a gente tem que se encontrar um meio-termo, que faça sentido para a gente. Então, a gente gosta de ser um pouco mais agressivo no early game, gosta de ter uma certa matchup boa na selva. Por isso, nós buscamos encontrar um balanço entre o que é o meta, que é tipo esses jungler fortes, com o que a gente gosta de jogar.

É isso basicamente. Acredito que também tem o trabalho de explorar um pouco o outro time e os seus pontos fracos. Então, acaba virando balança de várias coisas, que a gente conversa bastante e desenvolve bastante, até chegar numa conclusão interessante pra o time.”

Jogador da selva da LOUD, Croc, devastado pela eliminação no Worlds 2023
Jogador da selva da LOUD, Croc, devastado pela eliminação no Worlds 2023 – Fonte: Reprodução/LoL Esports

Decisões ruins foi a palavra-chave dessa série. Muitas jogadas acabaram sendo mal executadas, além de algumas lutas sendo estendidas de forma exagerada. Sephis comentou um pouco, na visão dele, o que foi que a LOUD poderia ter feito melhor, para que a equipe tivesse um melhor jogo contra a GAM:

“Não acho que as nossas decisões estavam ruins. Algumas coisas poderiam ter sido melhores aqui e ali, mas, no sentido geral, elas não estavam ruins. Porém, eu consigo lembrar de alguns momentos específicos, que colocou a gente num ponto de jogo que a gente não deveria estar.

Então, a gente se propôs de ter um early game mais forte e até uma certa prioridade ali no bot e na jungle, para conseguir criar um pouco de ritmo no começo de jogo e a gente conquistou isso. Porém, a gente acabou deixando a bola cair, em alguns momentos.

Então, nesse jogo mais recente, do Olaf do Robo. O jogo depende um pouco do campeão criar ritmo em cima do Gnar. A gente estava conseguindo criar isso. Inclusive, nós tínhamos batido duas barricadas no top. Contudo, aí no primeiro dive, o Jarvan acabou usando o seu flash.

E, na minha visão, acho que ele se comprometer com flash em cima do Gnar e apenas trocar um por um, já não é ideal. Eu acho que ele não precisava comprometer com flash. Se ele for fazer isso, eu acho que é melhor o Olaf começar tancando a torre. Ainda teve aquele momento seguinte, em uma outra tentativa de dive.

Acredito que a gente foi muito pra cima. A gente errou o flash e Q do Olaf e a acabamos nos comprometendo no dive, sem wave, sem muita coisa. Acabou que nós demos duas kills para o Gnar. Por mais que o ouro parecesse igual, a gente se colocou o nosso jogo numa posição muito ruim.

Depois disso, o Olaf acaba sendo solado também, porque o Gnar tinha os dois buffs (Red e o Blue). Com isso, as lanes ficaram muito difícil para jogar Olaf conseguir o jogo. Ele é um campeão que depende demais de conseguir muita vantagem na lane ou, pelo menos, estar saudável no jogo.

Além disso, eu consigo pensar em outros casos. Por exemplo, no primeiro jogo, quando a gente se propôs a executar um dive no bot. O Nautilus, acabou hesitando um pouco, com o time para dar engage na Kai’Sa. Por conta disso, deu tempo do K’Sante usar o Teletransporte.

Por mais que o resultado não tenha sido ruim, saiu dois por dois e a gente conseguiu bater bastante na torre do top, por conta das trocas. Contudo, eu acho que a gente foi um pouco lento nessa nessa decisão, faltou agressividade da nossa parte naquele momento. Então, foram alguns momentos específicos, que eu acho que a gente poderia ter sido melhor individualmente.”

Toda equipe da LOUD, junto dos dois treinadores do time, BeellzY (a esquerda extrema) e Sephis (a direita extrema)
Toda equipe da LOUD, junto dos dois treinadores do time, BeellzY (a esquerda extrema) e Sephis (a direita extrema) – Fonte: Reprodução/LoL Esports

Mais cedo, o Sephis comentou um pouco do estresse mental dos jogadores. Isso vem por diversos motivos. Desde pressão, por conta das expectativas, de estar em um lugar muito diferente e até mesmo por conta dos resultados em treinos. O treinador contou, sob a sua percepção, em como esse estresse afetou os jogadores performaram bem no Play-In do Worlds 2023:

“É eu consigo dizer só por cima, que é o que eu ouvi dos jogadores, o que eles comentaram. No geral eu acho que a pressão da torcida é natural e todos eles esperam isso. Além disso, acredito que todos eles não veem isso de uma forma ruim. É completamente natural, como brasileiro e torcedor, torcer pelo seu time, torcer pelo Brasil. Eu já fui torcedor, fui também um jogador. Passei por toda essa etapa também.

Então, é natural que a gente tenha esse tipo de pressão. Acaba que, esse tipo de pressão se torne algo saudável. Agora, em relação aos estresse psicológico. Acho que é mais um conjunto de fatores que não estão relacionados a torcida.

Muitas vezes são coisas relacionadas ao jet lag, alimentação diferente. Acaba que alguma pessoa não consegue se adaptar bem a comida da região. Isso sem citar o estresse dos treinos. Por exemplo, a LOUD ficou muito conhecida, porque a gente treinou contra times muito fortes aqui no Mundial.

Jogamos contra times de regiões major. É lógico que perder nunca é legal. Os jogadores, todos eles, por mais que a gente tenha tirado coisas boas dos treinos, perder nunca é saudável para eles. Então, eu acho que isso acaba acarretando um acúmulo de estresse por parte deles. Contudo, não acredito que tenha sido um fator isolado, mas sim um conjunto de tudo isso que eu falei.”

Para finalizar, a GAM Esports foi um time em que enfrentamos duas vezes. Na primeira, era a estreia de ambas as equipes e conseguimos uma vitória muito expressiva. Além do Pentakill do Route, que foi o primeiro do Brasil, o primeiro do Worlds 2023, também foi o primeiro da carreira profissional do jogador.

Contudo, nesse jogo, além dos fatores citados anteriormente, jogamos bem diferente. Sephis comentou as principais diferenças entre os dois confrontos. Foi uma evolução e adaptação da GAM Esports? Ou foi algo mais relacionado ao quanto a LOUD jogou mal durante a série?

Eu acho que eles jogaram um pouquinho melhor, comparado a primeira vez que a gente se enfrentou. Ao mesmo tempo, conjuntamente ao fato deles terem jogado um pouquinho melhor, eu acho que a gente também jogou um pouquinho pior comparado do que a primeira vez.

Acredito que os dois jogos a gente criou uma boa vantagem no começo de jogo, mas acabou deixando a bola cair. Sendo que a gente podia ter um jogo completamente diferente, se a gente não tivesse deixado essa bola cair. Então, a gente poderia ter visto muito facilmente dois stomps, pela nossa parte, se a gente não tivesse falhado em alguns momentos que a gente estava com vantagem.

Porém, eu acho que foram os dois fatores. Nós acabamos performando um pouco pior do que a gente poderia performado, do que a gente tinha acabado de performar. E, em conjunto a isso, eu acho que eles se performaram melhor, do que a primeira vez que eles jogaram contra a gente.”