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Conheça a história de três personagens que superaram as dificuldades impostas pela limitação motora e hoje, com a ajuda de equipamentos adaptados, mandam muito bem nos eventos Free Fire, Counter-Strike: Global Offensive e outros games que nós adoramos.

Mandam tão bem que um deles chegou a jogar contra Gabriel Toledo de Alcântara, o famoso FalleN, jogador reconhecido mundialmente por suas habilidades no jogo CS:GO.

De acordo com Li Li Min, professor titular do departamento de neurologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o ato de jogar promove ganhos em pessoas que estão no processo de reabilitação de tetraplegia. Segundo o professor, o sistema nervoso não diferencia o real do imaginário, e uma pessoa com tetraplegia, quando joga, ativa regiões do cérebro responsáveis pelo movimento, mesmo que ele não ocorra.

Veja agora como Erik, Kevin e Gabriel conseguem, aos poucos, galgar as barreiras do mundo dos esports.

Erik Tiago Leme

Erik tem 38 anos e, em 2011, sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. Ao dar um mergulho frontal na lagoa de Araraquara, deslocou o pescoço para trás e fraturou as vértebras C2 e C3. Erik não move nenhum membro do pescoço para baixo e é dependente de um respirador. Além disso, a utilização de um tubo de traqueostomia o impedia de se comunicar.

Erik Tiago Leme enfrente ao seu computador adaptado.

Foi através do apoio de sua noiva, que também é fã de Free Fire, que Erik começou a trocar as horas entediantes frente à TV pelas aventuras do jogo de estratégia. Com a ajuda de um controle adaptado fixado na altura de seu rosto, ele consegue, com a boca, ativar os comandos para movimentar seu personagem no Free Fire.

Depois que começou a se aventurar nos esports, Erik comprou o Quadstick, aparelho para esports que permite a utilização de usuários com deficiências motoras. Este aparelho o fez empenhar-se mais para retomar a voz, já que o jogo exige interação. Erik ainda disse que se frustrava ao tentar se expressar e não conseguir fazer as pessoas entenderem. “Quando consegui voltar a falar, a minha vida mudou completamente.”, disse o jogador.

Kevin Lucas Inácio

Kevin tem 26 anos e nasceu com atrofia muscular espinhal, uma doença degenerativa que o impede de andar e movimentar os braços. Mas nem sempre foi assim. Até os 12 anos, Kevin contava com uma mobilidade parcial e utilizava as mãos para jogar Playstation 2. Mas uma escoliose, provocada por sua doença, apertou seu pulmão e comprometeu o funcionamento do órgão, fazendo Kevin se tornar dependente do respirador.

Assim como Erik, ele também utiliza a boca para jogar com seu Quadstick. Conhecido como “Cadeira FPS” no mundo dos games, o jogador conta com as lives para a sua independência financeira. Embora a tão almejada independência ainda não tenha chegado, o paulistano afirma: “Alguma coisa me diz que as lives vão dar certo. Não sei em que momento, mas elas vão dar certo.”

Leia também: melhores jogadores de Free Fire do Brasil.

Gabriel Félix

Interiorano de Buritama, estado de São Paulo, Gabriel tem 25 anos e em 2017 sofreu um acidente durante o treino de jiu-jitsu. Ao tentar aplicar um golpe, seu pescoço atingiu o chão e pressionou a medula, fraturando a 5.º vértebra. “Na hora, eu perdi todos os movimentos. As pessoas até achavam que eu estava brincando, mas infelizmente era sério e grave”, contou Gabriel.

Há dois anos o jogador encontrou nos esports uma opção às horas que passava assistindo Netflix. Gabriel monetizou seus jogos e chegou a conseguir, em apenas um dia, R$ 1,3 mil na Twitch. Com o dinheiro, comprou um aparelho de eletroestimulação. E foi de FalleN, seu adversário em um jogo, que o rapaz ganhou uma cadeira gamer especial para as suas necessidades.

Gabriel Félix disputando uma partida de Free Fire.

“Eu indico que sou tetraplégico, mas às vezes jogo de igual para igual com quem não tem deficiência”, disse Gabriel sem se intimidar com as limitações impostas pelo acidente. Histórias como estas nos mostram que, sim, é possível o esports se tornar inclusivo e oferecer oportunidades para todos!