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A FURIA vem sendo um dos times que está surpreendendo no VCT Américas. Todos os jogadores demonstraram uma evolução grandiosa. Alguns nomes estão com a equipe desde os primórdios, vendo o crescimento bem de perto. Qck é um desses nomes, que está com a equipe da FURIA há mais de 2 anos. Confira essa entrevista exclusiva com o jogador, que vem brilhando nos EUA.

“Eu acredito que a nossa evolução dentro e fora do server é muito perceptível”

qck, jogador da FURIA de VALORANT, no VCT Américas
qck, jogador da FURIA de VALORANT, no VCT Américas – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

A FURIA, ao longo do campeonato, estava conseguindo bons resultados e acumulando vitórias, brigando com a Cloud 9 no topo de tabela. Contudo, nas rodadas finais, a equipe apresentou um estilo de jogo mais afobado e com menos controle. Inclusive, na derrota contra a 100 Thieves pudemos ver isso.

Algumas decisões parecem ter sido tomadas de última hora, como uma adaptação sem planejamento. Isso é uma faca de dois gumes, pois pode ser extremamente positivo, como pode se transformar em um grande problema. Tendo isso em mente, qck comentou sobre o que aconteceu com a FURIA nas últimas semanas e que pode ter acarretado nessas derrotas:

Então, eu acredito que, durante a série, a gente acabou tomando algumas decisões erradas em algumas táticas ou individuais. Querendo ou não é aquilo, se você morrer em um round econômico, como foi o caso, acaba complicando o jogo demais. Além disso, uma decisão errada pode acabar custando um ponto extremamente importante.

Esses pontos poderiam ser uma quebra econômica ou um crescimento para a gente. Com essas derrotas, acabamos sofrendo muito, como o caso da partida contra a 100 Thieves, onde sofremos um snowball1 gigantesco. Então, eu acredito que cada mínimo detalhe pode afetar, em um macro, o jogo de uma forma muito grande.


1 – Snowball é o efeito de acumular pontos e só ir aumentando, como uma bola de neve


Sem sombra de dúvidas, a FURIA vem sendo um time que mais tem demonstrado evolução, das três equipes brasileiras no VCT Américas. Era esperado que a LOUD iria ter uma performance bem elevada. Contudo, não se sabia o que esperar da MIBR e FURIA. A MIBR teve diversos problemas, acarretando em diversas derrotas e a não classificação aos playoffs.

Por outro lado, a FURIA, mesmo com algumas derrotas, vem se mostrando um time mais adulto. Era de costume ver algumas pessoas dizendo que a equipe tinha crianças ou eram extremamente afobados. Porém, no modo atual do time, a evolução, dentro e fora do jogo é bem perceptível. Qck comentou sobre esse crescimento, pelo seu ponto de vista:

Eu acredito que a nossa evolução dentro e fora do server é muito perceptível. Nós conseguimos notar isso no nosso dia a dia, facilmente. Mesmo que às vezes a gente não consiga performar muito bem dentro de uma partida, nós sabemos o quanto evoluímos. Só nós mesmo sabemos o quanto a gente evolui

Agora, falando por mim, eu acredito que eu sou um exemplo disso. Eu consegui evoluir muito minha mentalidade dentro da FURIA, desde que eu cheguei, há dois, três anos atrás. Isso sem falar dos moleques também, que chegaram agora. Então é uma constante evolução sempre. Nós nunca podemos andar para trás.

Equipe da FURIA no VCT Américas, antes da sua partida
Equipe da FURIA no VCT Américas, antes da sua partida – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

A FURIA sempre foi um time que fez poucas mudanças. Foram poucos os momentos que foram trocados os jogadores e quando houve a troca, era apenas uma peça. Para se ter noção, a dupla qck e khalil estão juntos desde a formação. Pouco tempo depois teve a entrada do mazin.

Atualmente, a equipe segue com duas novas peças, sendo uma mais atual e que carrega um nome bem forte, mwzera. O jogador está no VALORANT desde os primórdios, conquistando tudo nos anos iniciais. Com isso, unindo a sua experiência, com um jeito único de trabalhar, o jogador vem se destacando na equipe. Os elogios são diversos, inclusive do Carlão. Qck comentou como está sendo jogar com o mwzera no time:

Acredito que o acréscimo do mw, para o time, veio de uma forma bem positiva. Até porque ele agrega, individualmente, muito para o time. Ele é um cara absurdo, provavelmente um dos melhores jogadores do mundo. E ainda mais, dentro do time, ele é um cara que sempre está evoluindo e acrescentando para o nosso dia a dia.

Ele é uma pessoa muito aberta a tudo. Sempre é possível ver ele escutando as críticas, absorvendo elas e evoluindo. Ele passa a visão de jogo de uma forma diferente de pensar. Dentro do jogo, ele consegue entender o que está acontecendo e passar para gente bem rapidamente. Além disso, ele conseguiu agregar o seu estilo, dentro de um pensamento só, completando todo o nosso time.

O assunto da falta do Carlão no VCT Américas, nas primeiras semanas, já foi abordado diversas vezes. Cada jogador passou um tipo de visão e os impactos. Uma coisa foi unânime, a sua falta foi bem impactante. Qck contou como foi o período sem o treinador e tendo o Head Manager, FrosT, como uma peça diferente.

Acho que, primeiramente, a dificuldade de idioma entre a gente e o FrosT foi se resolvendo aos poucos. No começo, a gente não entendia praticamente nada. Depois de um tempo, começamos a nos entender mais, mas ainda estávamos usando o Google Tradutor. Porém, assim, eu não acredito que isso foi o problema.

Uma das nossas maiores dificuldades, acredito eu, foi o estilo dele trabalhar e de como estamos acostumados com o Carlão. A sua visão de jogo é diferente, talvez um pouco mais tática e a gente jogava mais de uma forma adaptativa. Mesmo assim, ele conseguiu unir as duas coisas, fora todo o conceito que ele aprendeu. Isso acabou agregando demais no nosso estilo, que acabou adotando um misto entre a adaptação e a tática.

Com a chegada do Carlão, as coisas acabaram mudando um pouco, principalmente quando pensamos no clima do time. Ele é um cara que está com a gente desde o início e ele complementa a gente. Sua presença deixa o ambiente mais leve, descontraído. E isso acaba agregando para o nosso jogo.

Ele entende como trabalhamos e passa as coisas em uma forma que já estamos acostumados. Além disso, é mais fácil de entender o que está sendo pedido. O FrosT é um cara incrível, mas o Carlão sempre esteve com a gente. Mesmo do Brasil, ele passava tranquilidade, deixando a gente preparado para as semanas.

qck e os seus companheiros, dgzin e mazin, no VCT Américas
qck e os seus companheiros, dgzin e mazin, no VCT Américas – Fonte: Divulgação/VCT Américas Flickr

Recentemente, tivemos uma entrevista com o sexto jogador da FURIA, o kon4n. O jogador vem mostrando um papel mais do que um substituto, mas como uma peça tática. É possível ver o jogador conversando com o time antes das partidas, nas pausas e no pós jogo. Diversos companheiros citaram a sua importância nos momentos, dessa vez, foi o momento do qck:

Então, o kon4n agrega demais para o time, por um motivo bem peculiar, se for pensar bem. Nós temos um treinador, que já está acostumado com o trabalho, mas agora chegou um cara que entende o que passamos. Além de tudo, ele possui uma visão analítica bem grande.

Ele consegue nos passar algumas ideias bem dentro do que estamos acostumados. Isso sem contar as conversas. Sem sombra de dúvidas, o seu conhecimento de jogador profissional acaba contando muito. O seu entendimento do que e como vamos fazer, é muito importante para o nosso crescimento dentro do servidor.

Com o fim da primeira fase do VCT Américas, muita coisa pôde ser aprendida. Tivemos o LOCK//IN, que serviu como uma pequena amostra, mas a realidade acabou sendo diferente. Para entender mais sobre isso, qck contou a sua percepção sobre a liga:

O VCT Américas é literalmente o auge que qualquer jogador profissional pode atingir no VALORANT. Todo mundo gostaria de estar aqui e lutam para isso. Então, acredito que, com isso, a concorrência acabe ficando muito grande. E o nível acompanha essa concorrência. Ou seja, não vai ter time bobo.

Mesmo a KRÜ, que ficou em último, sem vencer nenhuma partida, é um time forte. Eles fizeram mapas bem apertados, contra diversos times, mostrando que eles estão buscando crescer. Se um jogador bobear e deixar de apresentar uma evolução, vão existir muitos outros querendo um espaço.

No início do campeonato, a performance dos times brasileiros era bem nítida. Inclusive, houveram vários memes, dos torcedores norte-americanos, que estavam demonstrando uma grande insatisfação. Contudo, com o passar das semanas, a performance foi se estacionando e as derrotas começaram a aparecer. Pensando nisso, qck, comentou sobre o que foi que aconteceu para que isso acontecesse:

Então, acredito que, o ponto crucial para essa performance dos times brasileiros foi a questão do costume. Somos uma região nova para eles e a nossa agressividade foi bem forte. Então era só uma questão de adaptação, o que acabou acontecendo. Fomos mostrando o nosso estilo de jogo e as outras equipes acabaram aprendendo.

É muito forte o processo de adaptação de todos os times do VCT Américas. Se você não fizer uma pequena mudança, de semana a semana, você vai lido muito bem. Todos os times aqui são especialistas em leitura. Então, de forma resumida, o primeiro fator foi a surpresa e agressividade nossa. E depois, foi a questão da adaptação.

Adaptação vem sendo a palavra chave no VCT Américas. Toda semana acontece um jogo e qualquer pequeno material é o suficiente para algum time estudar. A FURIA mesmo vem, constantemente, comentando sobre esse processo. O jogador qck disse o seu ponto de vista, abordando os pontos fortes e fracos dessa atitude:

É um pouco complexo falar sobre a adaptação, porque ela possui dois lados bem fortes. Ela ajuda bastante, criando imprevisibilidade. Porém, ficar se adaptando demais pode atrapalhar bastante, pois temos que ficar saindo da zona de conforto. Contudo, é necessário adaptar, para conseguir ter melhores resultados.

Todos os times que estão na franquia buscam se adaptar e melhorar a cada dia. Se a gente não entrar no mesmo ritmo, vamos ser sufocados. Quem quer crescer e sair com um título, precisa ser imprevisível.