
A LOUD finalizou a ‘Super Semana’ com uma derrota bem amarga contra a KRÜ Esports. Por conta disso, eles chegaram a marca de três derrotas seguidas. Para entender um pouco mais do que está acontecendo com o time, conversamos, com exclusividade, com o Less. Ele falou um pouco sobre a performance do time, os problemas atuais e expectativas para o decorrer do campeonato. Confira abaixo todos os detalhes:
“Estamos gastando muito tempo nos adaptando nesse novo estilo de jogar”
Não tem como começar essa entrevista sem comentar da performance da LOUD. O que você acha que está acontecendo com o time? Vocês conseguem fazer bons jogos, mas no decorrer deles, algo parece sair de linha e vocês perdem rounds importantes. Na opinião geral, parece que vocês sofreram um apagão. Podemos afirmar isso?
“Não sei muito o que que tá acontecendo. Tipo, a gente tá jogando bem nos treinos, mas sei lá, parece que no campeonato nada tá dando certo. Parece que a gente chega numa hora de uns combates, que são muito importantes para o round, e a gente sempre acaba perdendo eles. Por exemplo, tem algumas situações de clutchs, que não era pra gente estar perdendo, mas estamos. Tudo está errado, sabe!? Parece que esse não está sendo muito nosso campeonato.”
É engraçado ouvir você falar disso, porque a MIBR e a FURIA também reclamam de como eles não conseguem aplicar os treinos no stage. Por mais que não tenha uma resposta concreta, o que é que está acontecendo? Porque a LOUD não consegue converter os treinos em bons jogos dentro do VCT Américas?
“Eu acredito que a gente é um pouco diferente dos outros times brasileiros. Até porque eu não sinto que a gente está assim por conta de nervosismo. Sinto que a comunicação tá boa e os nossos posicionamentos estão bons também. Contudo, eu tô sentindo realmente que talvez a gente esteja pegando muito pesado no tático e fazendo pouco uso das ranqueadas, alguma coisa assim. Porque a gente parece que não tá ganhando umas trocas que ganharia fácil.”
O sentimento que dá impressão ao ver vocês jogando é que vocês estão em um ponto onde estão tendo que aprender muitas coisas novas. Existe uma teoria, chamada de ‘Efeito Dunning-Kruger’, que acaba falando muito sobre isso. Parece que a LOUD está aprendendo tanto, que chega em um ponto onde a confiança fica abalada, principalmente porque as coisas não parecem estar certas. Você acredita que estão passando por isso?
“Eu sinto que a gente está realmente mudando bastante o nosso estilo de jogo. Penso que nós, da LOUD, somos bem parecidos com o Manchester City, de ser um time muito organizado e tático. Gostamos de trabalhar com os setups definidos, deixar tudo bem estruturado. Contudo, agora vimos que o meta está bem diferente disso.
Sinto que os jogos são mais no ‘freestyle’, com táticas criadas ali na hora. Que, querendo ou não, é bem o oposto de como trabalhamos. Então, estamos gastando muito tempo nos adaptando nesse novo estilo de jogar, esse estilo mais caótico. Sei que nós não sabemos de tudo do jogo, sempre estamos aprendendo coisas novas.
Quem tinha mais desse estilo mais solto, meio que ‘freestyle’, no time, era eu e um pouco o Saad. Agora, estamos passando para os meninos e esse processo necessita de tempo. Contudo, eu acho que as nossas derrotas não se passam muito por isso. Porque, pelo que eu estou interpretando, isso é realmente uma má fase nossa.”

Aproveitando que você disse do meta, nós estamos vivendo uma época bem livre. Estamos vendo muitos agentes ganhando prioridade, mas também existe muita liberdade nas composições. Você acredita que, por ter tanta abertura assim, pode atrapalhar no processo de adaptação do time?
“Eu acho que o VALORANT está passando por um meta onde você tem muita liberdade. Sendo bem sincero, dá para jogar com bastante coisa. Atualmente, temos alguns agentes que estão muito fortes, como o Kay/O e o Gekko. Porém, não é por conta da Sentinels ter jogado com eles e ganhado o Masters. Estamos vendo muitos times usufruindo bem dos agentes e conseguindo bons resultados.
Então, eu acho que ainda dá para jogar ‘freestyle’, com outros agentes do meta. Eu realmente acho que o que tá acontecendo muito, é a galera jogar meio que igual um cachorro louco, sabe? Avançando, fazendo maluquice, e parece que tá dando certo. Antes poucos times das Américas faziam isso, normalmente só a Cloud 9. Agora parece que muitos times estão fazendo e conseguindo ganhar.”
Por conta desses últimos resultados, estamos vendo uma disparidade muito grande entre os dois grupos. Não dá para afirmar que é uma disparidade de nível, mas é um fato que o grupo Alpha está tendo muitas vitórias em cima do Omega. Você acha que existe essa diferença entre os dois grupos?
“Eu acho realmente que eles colocaram muito time bom em um grupo. Tanto que, se você for ver, o pior time do grupo era a NRG, que estava com duas vitórias. Então, se a NRG que tá muito forte e que fizeram vitórias muito sólidas, estão em último no grupo, então realmente está um grupo muito disputado. É um grupo sobrecarregado e bem difícil. Eu sinto que o nosso grupo vai seguir tentando tirar uma ou outra vitória, mas nada além disso.”
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O VCT Américas está acabando e vocês possuem pouquíssimos jogos restantes. Agora é o momento da retomada e os principais passos da equipe precisam ser tomados. O que você acredita que são esses passos, para que vocês consigam ter vitórias e conseguir uma classificação para os playoffs?
“Bom, eu acho que a primeira coisa que eu quero dizer é que os VCT’s estão indo bem rápidos. Porém, eu sei que eles estão bem rápidos, porque vai ter muitos splits. Querendo ou não vão ser três splits praticamente. Então eu acho que é uma coisa normal,um time bem em um split e mal no outro, assim como nós, que também tá se dando mal nesse split.
Eu acredito que isso vai ser comum no futuro dos VCT’s, um time se qualificar para esse campeonato e não ir em outro. Acredito que não vamos mais ter essa dominância tão forte. Até porque a gente foi para o Masters, mas no fim, a gente não conseguiu treinar nada antes do início do VCT Américas. Agora a gente tá conseguindo, mas temos times que não se classificaram e ficaram mais de um mês treinando.
Então, eu acho que esse sistema é bom e é ruim, ao mesmo tempo. Eu queria que tivesse um pouco mais de tempo para o Américas. Porque, na minha opinião, o campeonato acaba muito cedo, próximo a Agosto. Em relação de como a gente vai voltar para o campeonato, eu não sei se a gente consegue se classificar para os playoffs.
Vai depender de muitos resultados dos outros times, porque a gente só pode ganhar mais dois jogos agora. Eu acho que a gente vai ter uma conversa, para realmente analisar o que está acontecendo. Porque não acho que vale a pena a gente analisar tanto o treino em si, mas sim o campeonato. Vamos tentar buscar da melhor forma possível, continuando dando o nosso máximo, porque a gente tá dando o nosso máximo.”

Você citou o tempo entre o Masters e o VCT Américas, que acabou atrapalhando bastante o ritmo de vocês. Além do mais, vocês tiveram aquele problema com o visto, onde acabaram iniciando o VCT Américas sem treino. Como isso te impactou? Esse tempo parado influenciou no ritmo de vocês?
“Vou falar individualmente. Para mim impactou demais, não tem como imaginar quanto. Porque eu sou um jogador que sente muito, quando não estou jogando tanto. Além disso, a gente voltou com uma rotina muito pesada. Nós estamos com a rotina de chegar muito cedo, fazer muita vod, fazer muita coisa e não tem muito tempo de recuperar a mira que eu perdi na Irlanda.
Então, desde que eu voltei do Masters, que eu estava com muita mira, sinto que estava bem lento. Agora eu tô bem em média ali, não tô nem um pouco perto do meu prime, para assim dizer. Porque realmente essa Irlanda acabou realmente com a gente, mas não tem muito que desculpar.”
Para finalizar, se você pudesse mudar algo na LOUD, imediatamente, para que vocês conseguirem melhorar, o que seria?
“Pergunta difícil, sendo bem sincero, porque eu acabei de sair do jogo e eu não analisei ele ainda. Contudo, eu sinto que a gente tem que botar mais a cara. Tem que ser mais agressivo, botar mais a cara, com firmeza. Teve um round ali na Ascent que eu fiquei tipo assim: ‘Mano, eu vou botar mais a cara nesses caras, porque eles são ruins demais’.
Tipo eu sinto que falta muito essa confiança, que a gente tinha no passado. Então eu acho que a gente vai conversar bastante sobre isso, porque a comunicação não está muito boa, mas a confiança tem que estar elevada.”