Depois de longas semanas, a The Union cravou o seu nome no cenário de VALORANT brasileiro. Além de uma campanha incrível na fase regular, conseguiu superar todos os adversários e venceu os playoffs. Após a vitória, Raafa, uma das peças fundamentais da equipe, conversou com o Esports.Net Brasil.
Com assuntos que vão desde o início da carreira, lá no Counter Strike até sobre planos futuros, Raafa passou uma visão sobre o que ele observa da vida competitiva. Confira como foi, logo abaixo:
“Cheguei a ser Bi campeão da Liga PRO, sem receber nada de salário”

A vida de pro player não é uma das coisas mais glamorosas que existem. Diversos jogadores contam os problemas que tiveram na infância, dificuldade para começar a competir, situações precárias em times, jogar de graça e por aí vai. Hoje em dia, as coisas estão mais formalizadas e esses problemas acabam aparecendo com maior raridade. Como foi o início da jornada como pro player? Chegou a imaginar que estaria onde se encontra atualmente?
Eu peguei o final do CS 1.6 pro início do CSGO, então era tudo bem precário mesmo. Não dava pra dizer que era um trabalho se dedicar 100% ao jogo ainda. Gastava dinheiro para ir para os campeonatos, inscrições, tudo saia do nosso bolso mesmo, as poucas organizações que “investiam” era quase nada, uma ajuda de custo no caso. Cheguei a ser Bi campeão da Liga PRO, que na época era o maior campeonato do Brasil, sem receber nada de salário, então era bem difícil mas a gente acreditava muito vendo o Fallen e o pessoal que já competia fora do país melhorando de vida.
Você veio de outro jogo para o VALORANT, assim como aconteceu com diversas outras pessoas. Quais foram os motivos que chamaram a sua atenção para o novo jogo? Foi visando o cenário profissional ou isso nem era um plano primário?
Sempre gostei muito do VALORANT, joguei bastante na época que foi lançado. Sempre curti muito LOL então já tinha uma certa facilidade com isso das habilidades e tudo mais. Chegou uma época na minha vida onde eu não me divertia mais trabalhando com o CS, pegava minhas horas vagas e ficava jogando rankeds no VALORANT e aprendendo sobre o jogo, até um momento onde eu tomei minha decisão e nunca mais abri o jogo.

No VALORANT, vimos algumas equipes conseguindo se destacar, mas por trás delas, diversas outras estavam tentando um lugar ao sol. Você mesmo, está no cenário há algum tempo, chegou a jogar com uma equipe forte no cenário, a Liberty. Como foi o seu processo de crescimento dentro do cenário competitivo? Na sua opinião, qual foi o seu grande step up para se tornar um jogador de alto nível e se destacar profissionalmente?
Eu tive uma oportunidade na Liberty muito rápido, consegui aprender muito com a galera que já sabia bem como funcionava o VALORANT. Além disso, a Liberty era um time muito bom em aplicar coisas novas e fugir do “convencional”. Por isso pude aprender muito sobre o jogo com eles, e tirar minhas conclusões sobre o que daria certo ou não com a experiência que eu já tinha com o CS. Infelizmente, na Liberty, eu não consegui colocar tudo que eu queria em prática por vários fatores, mas na The Union as coisas fluíram muito bem e esta dando tudo certo. Mesmo assim, sou muito grato por tudo que passei lá, acredito que sem eles eu demoraria MUITO mais tempo até atingir o nível de hoje.
https://twitter.com/raafacsgo/status/1637870488071331859
É de saber comum que o título muda bastante a carreira de uma equipe. Os jogadores se sentem mais motivados, mas acaba fazendo com que os olhos dos adversários se voltem totalmente a vocês. Qual é a sensação de estar no topo atualmente? Acredita que se manter no topo é mais difícil que ganhar? Quais são os processos para não perder ritmo e ser ultrapassado por outro time?
A gente sempre trabalhou de uma maneira que a evolução fosse o nosso maior objetivo, não queremos resultados rápidos e nem dar tiros curtos. Sermos o melhor time hoje, é uma consequência disso, mas nosso foco é lá na frente. Sabemos que temos que melhorar muito pra chegar aonde a gente realmente quer, então essa ainda não é a melhor The Union possível, podemos melhorar muito e vamos buscar isso.
Sobre o seu futuro, dentro do cenário de VALORANT, o que você espera da competição? Acredita que possuem nível para jogar bem um Ascension e quem sabe um VCT Américas?
O Ascension é nosso principal objetivo hoje, sabemos que temos um bom time pra chegar bem lá, mas que podemos melhorar para chegar muito melhor. Os treinos contra os times do LOCK//IN foram muito bons para nos dar confiança e corrigir coisas que fazíamos errado também. Acho que, com tempo e trabalhando da forma que estamos fazendo, podemos sim chegar lá e performar bem.
Durante o LOCK//IN vocês tiveram a chance de jogar com times do mundo todo. Acredito que deve ter sido um momento muito importante, não só para o time, mas também para cada jogador, em particular. Como isso te ajudou a crescer? Você acha que o nível dos times das franquias está tão diferente do cenário brasileiro?
Pra mim foi muito bom para medir as forças do nosso time, se meu pensamento tático estava no caminho certo, se tínhamos jogadores bons o suficiente pra chegar lá e todas as respostas foram positivas. Ganhamos muita confiança com os treinos e feedbacks dos times. Acho que nosso cenário tem muitos jogadores muito bons, e que precisamos de líderes para colocá-los no caminho certo, acredito que a carência de capitães seja o nosso maior problema hoje em dia.

Agora, para finalizar, uma pergunta sobre a sua equipe, a The Union. Vocês são jogadores que são extremamente unidos. Sempre estão alegres e bem confiantes. Todos que passaram nas coletivas dizem o quanto o clima do time, por estarem na mesma linha, ajuda nessa jornada. Contudo, é possível ver nas redes sociais, algumas pessoas implicando com a equipe, por conta do passado de alguns dos seus companheiros. Como isso afeta o clima do time? Acredita que isso pode atrapalhar alguns jogadores que possuem menos casca?
Sempre conversamos sobre tudo e mantemos uma boa comunicação sobre essas coisas. Acredito que no momento que decidimos dar uma nova oportunidade pra eles, não existe mais nada a ser questionado. Eles estão buscando uma nova chance de fazer oque gostam, e são adultos para lidar com os erros que já cometeram e consequências disso. Eles tem noção dessas coisas e não deixam atrapalhar o foco deles. Eu e o peu trabalhamos com bons psicólogos que nos ensinaram muitas coisas durante nossa carreira, e deixamos isso bem claro pra eles, o foco é o time e a partir do momento que aceitamos dar uma chance pra eles, estamos apenas focados no time.
A volta do VCT Challengers Brasil 2023
Agora que acabou a primeira parte do VCL Challengers Brasil 2023, os espectadores seguem aguardando a segunda etapa. Infelizmente, ainda não existe uma data confirmada, mas o formato ainda vai permanecer o mesmo. Ou seja, teremos duas fases de entrada abertas, onde as equipes vão se classificar para a etapa final e, no final, teremos os classificados para o segundo split.
As duas equipes que mais pontuares, serão classificadas para o Ascension, campeonato que dará vaga para o VCT Américas. Atualmente, a The Union lidera o ranking, com 55 pontos, seguidos da Vivo Keyd Stars, RED Canids e TropiCaos, com 50, 45 e 40 pontos. As demais equipes também pontuaram, com uma diferença de 5 pontos entre um time e outro.