Depois de ficar semanas longe da sua equipe, por questões de visto, Carlão, técnico da FURIA, chegou em Los Angeles e já teve a sua primeira vitória. A equipe teve um confronto com a MIBR, um outro time brasileiro e conseguiu sua vitória por 2-0. O técnico concedeu uma entrevista exclusiva, contando um pouco sobre o tempo que ele esteve longe, das mudanças de jogadores e a evolução da FURIA. Confira:
“Foi complicado ficar longe dos jogadores”

Durante semanas, o técnico da FURIA, Carlão, acabou ficando ausente. Por problemas de visto, ele precisou ficar no Brasil, até tudo se resolver. Com isso, ele precisou acompanhar a equipe de longe, quase como um torcedor. Carlão contou como foi essa experiência “diferente” na carreira dele, que está na FURIA desde o início do projeto:
Foi complicado ficar longe dos jogadores. Eu acho que foi uma das experiências mais difíceis para mim, como pessoa e como profissional. Porque eu estou com a FURIA desde que eu fundei o projeto do VALORANT. Desde que fundamos a primeira line da organização, eu estou lá, presencialmente.
Estou com alguns desses jogadores, há muito tempo, principalmente o mazin e o qck, que estão desde a primeira line. Na época, eles tinham 16 anos, então basicamente eu vi eles crescerem, então é muito diferente, estar longe deles assim. É muito difícil, não só porque eu tenho um grande carinho por todos eles e um respeito gigantesco, mas porque trabalhar de forma remota, principalmente sendo um Head Coach é muito difícil.
Quando estamos presencialmente, olhamos um no olho do outro, é diferente a comunicação, flui bem melhor. Eu vou estar do lado deles a todo momento, passando informação, dando uma maior segurança. Inclusive, é até mais fácil perceber qualquer tipo de erro cometido durante os treinos ou partidas.
Foi um momento difícil, mas digamos que foi interessante a adaptabilidade. Toda a equipe conseguiu se moldar, para que as coisas começassem a funcionar, mesmo a distância. Houve os seus problemas, mas acredito que conseguimos nos sair muito bem, até porque o resultado está aí.
Um dos pontos que pode ser observado na FURIA é o amadurecimento dos jogadores. Khalil e dgzin, disseram em entrevistas distintas o quanto eles cresceram e evoluíram. E isso é perceptível no estilo de jogo deles, mostrando uma facilidade em se adaptar e recuperar certos jogos. Carlão falou um pouco sobre como é esse processo de adaptação:
Então, acho que é o que a gente trabalha sempre, focando no crescimento dos seus jogadores e esse era o meu foco, como pioneiro do projeto. Assim, quando você coloca na mesa seus objetivos como treinador, é fazer com que seus jogadores sejam mais maduros, tanto profissionais quanto pessoais, sabe? Essa é a meta que você tem. Quando você vê isso acontecendo diante de seus olhos, é muito gratificante. Então, mesmo de longe, vendo isso acontecer, deles se tornando mais maduros, dá um orgulho muito grande. Estamos conseguindo fazer as coisas funcionarem tanto dentro do server e fora, tipo, funcionar e andar na mesma linha. Para mim, é gratificante.
Não é a realização de um trabalho porque está longe do meu objetivo, mas é uma realização pessoal de ver que pessoas estão ficando melhores ao meu lado. Então, é basicamente colocar o que você tem de ideologia para as pessoas acreditarem e se tornarem profissionais e pessoas melhores e mais maduras. Para mim, é gratificante demais. Eu acho que é isso que me traz alegria no meu trabalho.

O FrosT foi uma das adições para a FURIA, no ano de 2023. A princípio, ele foi contratado como General Manager, porém, com a ausência do Carlão, ele teve algumas atuações como treinador. Carlão conversou sobre a importância do FrosT para a equipe e como isso tem ajudado eles a crescerem taticamente.
Então, cara, o FrosT foi uma surpresa que apareceu muito boa para nós. Isso porque ele consegue ver muitos fundamentos que às vezes erramos. No VALORANT, diversas vezes, algumas coisas acabam passando despercebidas e isso é algo normal. Nós focamos em tantas coisas diferentes no jogo, que acaba que um fundamento do jogo de FPS acaba passando e ele não deixa isso passar.
Eu acho que ele afia um pouco isso em nós, nesses pequenos fundamentos. São pequenos detalhes que às vezes passam despercebidos. Então, por eu ter mais pessoas junto comigo nesse ponto, ele consegue ajudar muito nesse aspecto. Ele é um cara que consegue me ajudar nisso e é muito bom em análise. Ele faz análises tanto nossas quanto dos outros times. Qualquer tipo de análise que peço para ele, ele me entrega, porque é bom no que faz.
Ele consegue me entregar tudo de uma forma onde eu consigo enxergar as brechas que o adversário usa ou as brechas que estamos tendo e eu consigo trabalhar nesse ponto. Basicamente, é uma coisa onde conseguimos potencializar cada um. Eu consigo potencializá-lo em alguns aspectos e ele me potencializa em outros. Assim, conseguimos ter uma dinâmica muito bacana nisso. Tá sendo uma experiência muito boa para mim também.
Um dos pontos que vêm sendo citados por diversos analistas é o poder de adaptação da FURIA. Em poucas semanas, vimos a equipe mudando composições, pelo simples fato de não ter dado certo um tipo de estratégia. E tais mudanças são bem complicadas, pois podem não dar certo e acabar com todo um plano de jogo. Carlão disse um pouco sobre esse poder de adaptação da equipe e como fazer isso bem feito:
É difícil conseguir manter se adaptando, porque tipo o VCT Américas é uma liga muito rápida. Toda semana tem jogo e ainda tivemos a ‘Super Week’, que teve dois em uma rodada. Se você é um time que tem uma única estrutura de jogo e você continua apenas nisso, é muito complicado. Os times vão estudar de acordo com o campeonato.
Então, a cada rodada, a cada semana que passa, fica muito mais fácil os times terem estudos sobre o seu estilo. Ou seja, cada vez fica mais difícil fazer o básico contra times que possuem um tipo de estudo focado. Por isso a gente vem colocando essa dinâmica de uma semana a gente traz uma composição e em outra a gente muda alguma coisa. Podemos mudar o nosso ritmo de jogo, um tipo de avanço, composição, estratégia de defesa, mapa. Então a gente está sempre mudando poucas coisas para a gente conseguir continuar se adaptando.
Nós gostamos de ter um pouco de vantagem dentro do server. Não é nada fácil esse processo, porque a gente precisa colocar um foco muito grande nas mudanças e isso requer muito sacrifício e esforço. Eu acho que esse time aqui não pensa duas vezes antes de se sacrificar, se esforçar por um bem maior. Então, com isso, a gente consegue colocar isso em prática e é um trabalho árduo, de todo mundo, desde de mim até os atletas.
Acredito que, eu e o mazin, conseguimos fazer bem isso, porque a gente consegue ter esse tipo de pensamento. Nós temos um alinhamento muito bom e conseguimos ter ideias e colocá-las em prática. Então, não é só um ou dois ali, se esforçando, é um todo que se esforça muito, para que a gente consiga ter essa maestria em mudanças e não ter medo de mudar. Eu acho que é isso que um time precisa. Um time que não se arrisca não merece viver extraordinário. Essa é uma frase que eu ouvi o dgzin falar bastante.
Então, a gente tenta colocar isso em prática. Tem momentos que a gente vai arriscar e pode não dar certo e é isso. Nós estamos tentando fazer isso com uma certa maestria, porque é algo que a gente vem focando durante esse ano. Queremos ser um time mais adaptativo, mais reativo. Com isso, esse tipo de treinamento em se adaptar, consegue deixar a gente mais tranquilo. Quando tivermos que fazer, vamos fazer e também não vai sempre que iremos fazer. Se precisar, vamos mudar tudo e adaptar em o que for preciso.

No ano de 2022, a equipe tinha, como capitão, o nzr. O manito, além de ser um jogador querido pelo time da FURIA, possuía um conhecimento extraordinário dentro do jogo. Com a saída dele para a Leviatán, não ficou apenas uma vaga em aberto, mas uma posição importante, a de IGL. Mazin acabou assumindo e com muita maestria.
Durante a entrevista que foi feita com ele, foi possível ver o quanto ele se adequou a nova função. Os resultados vêm sendo conquistados e mostra como o capitão vem trabalhando bem. Carlão comentou como foi o processo de colocar o mazin como o novo IGL e como ele vê o seu trabalho dentro do time:
Então, o nzr era um cara muito inteligente também, mas o mazin sempre foi um second caller da equipe, desde que ele entrou aqui. Eu sempre soube que o mazin tinha um potencial gigante para ser um dos melhores IGL’s. Ele vem se provando a cada dia que passa. Além disso, esse é o primeiro ano dele com a função e está adquirindo muita experiência.
Basicamente, quanto mais experiência ele vai ganhando, cada vez iremos ver a melhor versão do mazin. Nós estamos vendo, o tamanho da importância que o mazin tem como IGL para equipe. É uma dinâmica um pouco diferente dos dois, até porque ninguém é igual a ninguém. O mazin é um cara mais incisivo, cobra bastante dos jogadores, igual ele falou e isso vem dando bastante certo. Acho que o nosso time inteiro, por causa da maturidade, vem sendo um time que vem cobrando a perfeição um do outro. E é isso que faz a gente conseguir, em alguns momentos, ser um time que todo mundo gosta de ver.
O mazin sempre teve essa postura de capitão, era só uma coisa de tempo e espaço, para que ele pudesse mostrar. A decisão de ser capitão dependia muito dele também. Ele topou esse grande desafio para esse ano e está dando tudo certo. Todos estão muito felizes com a evolução dele. Eu mesmo não esperava que seria tão bom em tão pouco tempo. Não esperava que ele conseguisse chegar nesse nível que ele chegou em pouco tempo. Porém ele conseguiu chegar e estou extremamente satisfeito, porque eu sempre soube desse potencial dele. E pode ter certeza que ele vai voar ainda mais nesse aspecto.

Uma coisa que vários jogadores da FURIA vem dizendo é a importância que o mwzera tem para a equipe. O talento do jogador é algo incrível e sua performance sempre foi no mais alto nível. Mesmo com a sua mudança de duelista para iniciador, pudemos ver uma nítida evolução em jogo. Carlão falou sobre como o jogador impactou a equipe e o motivo de tantos elogios, por parte dos seus companheiros de equipe:
Então cara, a entrada do mw no time foi tipo como uma luva, basicamente. Foi algo muito natural, porque a forma na qual o mw é, fez com que a gente se encaixasse muito bem com a equipe. O mwzera foi primordial para a gente conseguir transformar o time e podemos ver a FURIA hoje por conta dele. Se eu fosse escrever o que o mw é, as qualidades que ele tem, vou ficar muito tempo falando sobre. Todas essas qualidades que ele tem, eram coisas que faltavam dentro da equipe.
A gente sempre buscou ter uma FURIA onde tudo se encaixasse, mas sempre havia alguma coisa faltando. Agora, quando se pensa em estar numa liga, onde todos os times são do mais alto nível e qualquer erro pode ser crucial, a gente precisava dessa mudança, de uma pessoa desse nível. A adição dele, fez a gente conseguir ser a nossa melhor versão.
Independente de resultado, independente de qualquer coisa, o importante é a gente conseguir colocar o nosso estilo, como equipe, dentro do server. Isso é o mais importante e nós conseguimos fazer isso com naturalidade hoje. O grande culpado é o mwzera, ele é responsável por isso, de trazer uma leveza, confiança, uma tomada de decisão correta.
Ele já se provou várias vezes, mas ele ainda quer se mostrar para o Brasil e para o mundo. Todo mundo está vendo que ele é uma pessoa diferenciada. Cada dia que passa, isso se mostra mais forte. E dentro do jogo, o mw mostra apenas uma pequena porção da sua importância.
Fora do server, do campeonato, ele faz a gente se conectar com uma equipe. Isso é crucial para que a gente consiga fazer boas apresentações, igual ao que estamos fazendo no VCT Américas. Então, para mim, o mwzera é isso e tudo mais. Ele foi uma decisão super acertada. Ele potencializa todo mundo que tá do lado dele e ele também faz a nossa equipe ser o que somos hoje.