Após o fim do jogo da FURIA contra a KRÜ Esports, dgzin, o duelista da equipe, concedeu uma entrevista exclusiva. O jogador explicou algumas coisas sobre a ida para Los Angeles, informações sobre estar jogando na região do NA e pontos sobre a partida contra a KRÜ. Lembrando que a partida entre as equipes terminou com a FURIA aplicando um 2-0 e marcando o fim do jejum de vitórias BR’s contra a equipe hermana.
“Eu acho que tivemos muito nervosismo envolvido no primeiro mapa”


A mudança, quando é no Brasil, já é um pouco complicada. Ficar longe da família, amigos, casa. É uma dedicação muito grande. Contudo, vocês estão nos Estados Unidos e vão ficar longe por muito tempo e por muitas vezes. Como está sendo a adaptação, especialmente a sua? Quais são as dificuldades que você vem encontrando?
Então, eu tenho que admitir, a adaptação em si está sendo um pouco difícil. É uma realidade completamente diferente aqui fora. São costumes diferentes, pessoas diferentes, outra vida, isso sem contar o idioma. Não tem muito tempo no qual nós, da FURIA, mudamos para aqui, acredito que deve fazer um mês em breve. Ainda assim, está sendo muito interessante.
Estamos aprendendo muita coisa nova, que faz com que possamos evoluir juntos. Particularmente, estou tendo maiores problemas aqui por conta de estar longe da minha família e namorada. Eu sou uma pessoa muito ligada a eles e isso acaba pesando um pouco, principalmente por saber que estou em outro país.
Sobre os treinos, como está sendo essa nova realidade? Vocês estão numa região que possui uma infinidade de possibilidades. Existem os times do VCT Américas, o Challengers NA e outros times, tier 2 e 3. Na sua opinião, houve uma evolução nesse quesito?
O treino aqui fora é extremamente positivo, por vários motivos. Nós conseguimos ter uma variedade muito grande de times. E cada um possui o seu próprio estilo. Não consigo dizer um treino, aqui nos Estados Unidos, que não tenha sido muito proveitoso. Estamos, literalmente, jogando com todos os times possíveis, VCT, Challengers, tier 2. Com isso, aprendemos muita coisa, porque tem equipe jogando mais agressiva, outras mais recuadas, táticas bem distintas. Isso nos ajuda a aprender com a imprevisibilidade e na adaptação rápida durante a série. Nunca estamos presos a um único tipo de jogo, precisamos inovar a todo momento. Se a gente estabilizar em um único estilo, podemos estagnar e sofrer as consequências.


Desde de quando os jogadores brasileiros mudaram para Los Angeles, vimos diversas reclamações sobre as partidas ranqueadas. Sempre existe um comentário que as partidas são ruins e que não se dá para aprender muito. Os jogadores acabam jogando mais no estilo YOLO (You Only Live Once, termo usado para jogador que joga sem se importar com nada). Isso sem contar os insta picks em duelistas. Na sua opinião, como está sendo jogar nas rankeds no NA?
As partidas ranqueadas aqui são muito no estilo ‘for fun’, a galera joga para se divertir. Não é que a galera não leva o jogo a sério, são costumes diferentes. No Brasil, levamos muito mais a sério as nossas partidas e tentamos sempre evoluir ou jogar corretamente. Aqui, nos Estados Unidos, já é bem diferente. As pessoas estão querendo apenas se divertir, pegar o boneco dele e é isso.
É bem comum ver uma partida, aqui, com três duelistas e ninguém ligando para nada. São raros os momentos onde existe tática e escolhas de acordo com o meta do mapa. Quando eu me encontro numa partida ranqueada ruim, eu tento usar ela de alguma forma positiva. Eu tento ser um pouco mais agressivo, treinar reflexo, adaptação, para me ajudar no campeonato. É meio que saber usufruir daquilo que estamos tendo e se acostumar.
Uma das questões que trouxe bastante impacto e comentários na internet, é a falta do Carlão com vocês. Ele teve alguns problemas com o visto dele e teve que adiar a ida para os Estados Unidos, com isso, vocês acabaram ficando sem um treinador. Quais foram os impactos da falta dele?
Nós somos jogadores maduros, temos sabedoria e responsabilidade em tudo que fazemos. Sentimos muita falta do Carlão, mas é pelo motivo dele ser um cara extremamente presente e precioso para o time. Contudo, nos jogos em si ou até mesmo na nossa partida contra a KRÜ, não sentimos tanta falta, por conta dessa maturidade temos. Mesmo longe, ele ainda consegue participar das coisas.
Ele assiste às nossas partidas, entra no Discord ou Team Speak e conversa com a gente, passando alguns detalhes importantes. Os planos táticos, que ele monta com o Mazin, ainda estão sendo executados, mesmo a distância. Claro que a presença dele, com nós, é bem importante, porque a distância acaba trazendo alguns problemas. Porém, podemos esperar que, talvez na próxima semana, ele já esteja com a gente aqui.
Focando agora mais sobre a partida de vocês contra a KRÜ, tivemos duas versões da FURIA em jogo. No primeiro mapa, parecia que vocês estavam sofrendo uma certa pressão, mas no segundo, vocês dominaram completamente. O que você acha que aconteceu para ter tanta mudança em um mapa e outro?
Eu acho que tivemos muito nervosismo envolvido no primeiro mapa. Era a nossa estreia no VCT Américas e ainda por cima de um time que tinha oito vitórias seguidas em cima de times brasileiros. Querendo ou não, acabamos ficando um pouco nervosos no jogo. E, para ajudar, Split é um mapa extremamente forte da KRÜ.
Então, desde o início, a gente sabia que o jogo seria muito pegado. Contudo, em nenhum momento fugimos do nosso plano de jogo. Entendemos o que tinha que ser feito e fizemos. Mesmo em momentos com a nossa economia ruim e com o placar desfavorável, a gente tinha plena consciência que podíamos virar e ganhar o mapa.
Agora, quando virou para a Ascent, todo aquele nervosismo já tinha ido embora. Por isso que jogamos tão mais soltos. É como se a adrenalina se estabilizasse e conseguimos focar no jogo, quase como se fosse um treino comum. Nós somos muito bons na Ascent, sabemos jogar o mapa e apenas repetimos o que tem dado certo durante os treinos.


A próxima partida de vocês é contra outro time do LATAM, a Leviatán. Além deles serem uma equipe forte, eles possuem uma peça que conhece bem o estilo da FURIA de jogar, o nzr. Quais são as suas expectativas para o jogo?
A Leviatán é uma das equipes na qual já tivemos algumas baterias de treino. Quando nós estávamos no Brasil, sempre gostamos de treinar com eles. Com isso, conhecemos bastante o estilo de jogo deles. Contudo, o outro lado também vai acontecer. Eles conhecem o nosso estilo e possuem o manito com eles (nzr), que conhece bem como gostamos de jogar.
O grande lance é sobre quem mais vai saber se adaptar. Estamos na franquia e praticamente todos já se conhecem. Então, o jogo não é sobre se preparar contra um time em específico, mas sim em como aplicar o que fazemos em treino e adaptar isso para a série.
Estamos focados no nosso jogo, em como vamos jogar, no nosso plano. Vamos seguir ele e aplicar o que estiver em nossas mãos. O foco é sobre nós, mesmo tendo uma pitada sobre quem vamos enfrentar. A gente tenta entender mais o estilo dos nossos oponentes e montar algumas táticas, mas elas devem se encaixar dentro do nosso plano.