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A função de manager de um time de Esports é algo pouco conhecido. Todas as equipes possuem um manager, mas quais são as suas funções? Para entender melhor, conversamos com a Dani Coelho, manager da Team Liquid Brasil de VALORANT. A entrevista abordou sobre o básico da função, cuidar de uma equipe de alto nível e muito mais.

Para facilitar a leitura e o acompanhamento da entrevista, separamos ela em duas partes. Essa daqui é a primeira dela, que aborda os temas sobre a função de manager, sobre estar na Liquid e como o Alienware Training Facility mudou a rotina da equipe.

Eu sempre fui muito fã da Team Liquid

Como já foi dito na introdução, o trabalho de manager é sempre envolto de muitas dúvidas. Todos sabem que essa pessoa existe, mas qual é a sua função básica, poucos conhecem. Claro que é compreensível tal desconhecimento, pois é uma função mais administrativa e nos bastidores de uma equipe.

Dani está com a Liquid desde o início da equipe de VALORANT. Além de cuidar da função administrativa, é possível ver ela sempre com as jogadoras. Como ela mesmo disse, o trabalho dela é facilitar a vida das meninas do time, em tudo que é possível:

“Eu acho que a minha função, como manager, tem como principio deixar tudo certinho para as meninas. A ideia é que elas só se preocupem realmente em jogar o jogo. Então, sem que elas tenham preocupação de, por exemplo, se tem máquina para jogar, se está funcionando, se a sala de treino está reservada.

Eu ajudo na questão das agendas. Verifico como estão os treinos, campeonatos e tento ajustar com a questão dos conteúdos, tanto para a Liquid, quanto externos. Igual, as questões de viagens, quando precisam acontecer, eu organizo tudo, para que as meninas não tenham o menor transtorno.

Estou sempre trabalhando junto do Palestra, nós temos uma parceria bem grande. Ele vem com a parte mais tática e técnica, enquanto que eu cuido do background. Normalmente, ele que agenda os treinos, daí ele passa para mim, para que eu possa cuidar de tudo que envolve eles, como agenda.

Muitas vezes, eu vejo como as meninas estão ocupadas e vejo se tem como encaixar alguma coisa, tipo conteúdos. Outra coisa que eu mexo bastante é na questão de orçamento. Vejo o que elas estão precisando, o que está sendo desnecessário. Cuido de toda organização, no intuito de manter o time funcionando muito bem.”

Toda Team Liquid BR VALORANT, após o recebimento do título do Game Changers BR
Toda Team Liquid BR VALORANT, após o recebimento do título do Game Changers BR – Fonte: VALORANT Esports BR

A Dani acompanha o core da Liquid BR de VALORANT há muito tempo, mas nem sempre como manager. Na época da Gamelanders Purple, ela atuava como psicologa na line mista de VALORANT. Ou seja, ela teve que fazer uma grande mudança na sua carreira, além de cuidar de novas pessoas. Ela contou um pouco de como foi essa transição e as dificuldades que ela encontrou no caminho:

Apesar de você estar lidando com pessoas, em ambas as funções, elas são, de fato, bem diferentes. Eu lembro que eu conversei bastante com o Rafa (General Manager BR), quando assumi o novo cargo. A primeira coisa que eu pedi para eles, foi: ‘Olha eu não tenho experiência como manager, então não me deixa estragar tudo para as meninas.’. Esse foi o meu primeiro pedido para ele.

Basicamente, foi uma forma de dizer que eu estava indo, mas iria precisar de ajuda, porque eu não tinha experiência na área. Minha maior preocupação, sempre foi fazer alguma coisa errada e isso afetar as jogadoras. Até porque, eu sei que é algo que exige muito e é uma função que é muito importante. Eu tenho muita responsabilidade dentro do time e uma tomada de decisão errada por afetar a equipe toda.

Porém, eu acho que, com o tempo, eu comecei a pegar um ritmo melhor das coisas. Fui entendendo a minha função e as necessidades do dia a dia. Muitas pessoas acham que o motivo deles terem me chamado, foi por estar na Gamelanders, que era o antigo time das meninas. Contudo, na real, foi por conta do meu histórico, não só no mundo dos Esports.

Eu tive muita experiência nos Esports e no esporte tradicional. Além disso, cheguei a atuar no ramo empresarial, dentro do Recursos Humanos. Ou seja, eu cuidava dessa área pessoal, cuidando de funcionários. Aqui na Liquid, nós não tratamos as jogadoras como funcionárias. Porém, eu consigo usar o que aprendi no passado e aplicar aqui.

No cenário dos Esports, eu tenho uma atuação bem grande. Já participei como voluntária, na área de psicologia. Então, eu consegui muita experiência, que me ajudou a chegar onde estou, dentro da Liquid. Com isso, pode-se dizer que eles me trouxeram mais por conta do meu perfil pessoal e de toda a minha experiência profissional, mesmo que elas não tenham tido muito a ver com manager.

Tudo aqui que eu fiz, ajudou com que eu chegasse a posição. Tanto o meu amadurecimento, quanto as minhas antigas experiências, me ajudaram, não só como pessoa. Então foi mais por esse perfil pessoal, do que a experiência como manager, que a Liquid me trouxe para a função.”

Pensando em questão de estrutura, a Gamelanders era uma organização bem mais enxuta. Eles possuíam apenas duas lines, uma mista e outra feminina de VALORANT. Em comparação com a Team Liquid, são duas coisas completamente diferentes. Dani contou como foi a sua adaptação na nova organização, tendo em vista a questão da complexidade.

“Quando eu estava na Gamelanders, eu trabalhava com a Marta, que era outra psicologa. Então eu acabava cuidando mais da line Blue, que eram os meninos. Porém, eu também participava das atividades de grupo das meninas, junto da Marta. Nós tínhamos o costume de sempre trabalhar juntas.

Acaba que tem muita diferença em você estar em uma organização mais enxuta e depois estar em uma organização com uma estrutura bem maior. E não era apenas na quantidade de funcionários, mas até mesmo na questão de receita e investimento. Porém, foi como eu te falei antes, eu já vim de muita experiência, trabalhando em outras empresas e outros lugares. Então, eu já tinha uma noção maior de como era trabalhar com empresas tradicionais. Elas tinham uma estrutura maior, não que a GL não ser estruturada, mas que tem mais pessoas envolvidas.

Eu brincava bastante, que quando eu trabalhava nessas empresas, eu tinha que pedir bença para muita gente. Eram muitas pessoas envolvidas nas tomadas de decisão. Os processos eram longo e algumas vezes bem demorados. Mesmo a Liquid, com toda a sua complexidade, algumas coisas são mais fáceis.

Aqui dentro, eu tenho o meu gestor, o qual é o Sensi. Junto a isso, ele tem o gestor dele e isso vai subindo, até chegar na gestão internacional. Então, por ser uma organização multinacional, a gente acaba tendo um caminho maior. Por exemplo, para você liberar um orçamento. Eu não posso só chegar hoje e falar que nós vamos comprar isso aqui e pronto.

Você tem que ir lá fazer um levantamento, pedir autorização e por aí vai. Então, com isso, acaba tendo um caminho maior para as coisas serem decididas. Eu, particularmente, acho o caminho maior às vezes e isso acaba sendo um pouco mais complicado. Porque você tem que esperar um tempo maior para que as decisões sejam tomadas. Ou seja, não é algo tão rápido, mas eu acho que faz mais sentido numa questão de organização.

Dessa forma, você acaba tendo um controle maior das coisas que estão acontecendo. Além disso, tem muito mais gente envolvida no processo também. Quando você vai tomar uma decisão sozinho, você vai ter apenas uma decisão. Em conjunto, acaba tendo dois ou mais lados.”

Quando se fala da Liquid, todos que se encontram na organização, tece milhares de elogios a ela. Desde os jogadores, influenciadores e até os funcionários, todos exaltam bem a Team Liquid. Com isso, muitas pessoas ficam em dúvida se é realmente isso. É uma organização diferenciada de fato? Dani Coelho comentou sobre como foi e como é ser Liquid:

Eu sempre fui muito fã da Team Liquid. Além disso, em sempre desejei, um dia, poder trabalhar aqui. O que eu não esperava, era que isso fosse acontecer tão rápido. Eu lembro que eu cheguei a conversar com o Cláudio na época e ele me acabou indicando. Nós trabalhamos juntos em outros projetos e acabamos tendo mais contato.

Eu cheguei nele e fui sincera, falando que eu tinha medo de ir para outra organização, fora que iria mudar de função. Dentro do cenário de Esports, a gente acaba escutando algumas coisas de algumas organizações e existe a chance de ouvir nada. Com isso, sempre fica aquela pulga atrás da orelha.

Assim, desde o surgimento da Liquid no Brasil, eu sempre escutei muita coisa boa da organização. E eu sempre me questionava se aquilo era real. Então eu cheguei no Cláudio e perguntei se a Liquid era isso que todo mundo dizia. E ele chegou em mim e disse que sim. Simplesmente, ele falou assim: ‘Dani, eu estou aqui há mais de 5 anos e posso falar que é realmente tudo isso. E, se não fosse, eu não estaria aqui até hoje.’.

Uma das coisas que notei, assim que entrei na Liquid, é como as pessoas possuem o perfil dos valores da empresa. E isso foi algo que falei com as meninas, assim que entramos aqui. Inclusive, uma curiosidade muito interessante é que, a crina do cavalo, representa cada valor da Team Liquid (Integridade, Humildade, Excelência, Curiosidade, Autenticidade e Inclusão).

Além disso, eu considero que, esses valores bate muito com o que eu penso também, com a minha forma de trabalhar. Então, para mim, foi muito fácil me encaixar na nova organização. E as pessoas aqui transmitem muito bem isso, por exemplo, o Rafa (General Manager). É possível ver cada um dos valores incorporados na personalidade dele.

Com isso, todo mundo acaba incorporando isso, tornando o clima muito mais agradável. Além do mais, quando a gente se encontra em locais tão bons assim, acaba dando uma segurança a mais. É tão tranquilo, para mim, que eu tenho uma liberdade muito grande de chegar no meu gestor, o Sensi, e conversar tranquilamente.

Chego nele e falo se estou ou não segura de tomar alguma ação, dúvidas e até buscar sugestões. Eu tenho esse espaço de troca e sei que outras pessoas também possuem aqui dentro. É um ambiente bem saudável, por isso todo mundo fala tão bem da Team Liquid. O espaço para diálogos é muito importante em uma organização.

Sei que o mesmo acontece com as meninas e eu. Elas têm uma liberdade de conversar comigo. Com isso, temos liberdade e segurança em executar a nossa função, da melhor forma possível. Eu consigo expressar bem aqui dentro, falando o que gostei ou não. É um tipo de linguagem que eu gosto e me adaptei muito fácil.”

O Alienware Training Facility, o maior centro de treinamentos da Team Liquid mundial, com a sua primeira loja física
O Alienware Training Facility, o maior centro de treinamentos da Team Liquid mundial, com a sua primeira loja física – Fonte: Reprodução/Team Liquid BR

O Alienware Training Facility é a grande sensação da Team Liquid BR. Além de ser o maior Facility da organização, no mundo todo, ele possui a primeira loja física da Liquid. Com a sua construção, alguns problemas começaram a ser sanados, como juntar as lines em um prédio só. Dani contou como está sendo a experiência de estar todas juntas e as facilidades que isso trouxe:

O Facility ajudou muito a gente. Antes dele, estávamos no sistema de Gaming House. Nós ficávamos em um lugar fora e precisávamos ir na GH, para poder treinar. Além disso, não era só a nossa GH, a gente dividia com outra line. Na verdade, era mais um estilo de Office, onde a gente morava em um lugar e ia ao prédio treinar e jogar.

Agora, com o Facility, tudo ficou melhor. Não precisamos mais nos deslocar para fazer as coisas. Eu fico aqui no prédio, junto das meninas, acordamos juntas, tomamos café, vamos à academia. É bem melhor o funcionamento. Tudo é mais simples e fluido. Estamos mais próximas e conseguimos lidar com as coisas de forma mais rápida.

Além disso, estamos perto de outros times também. Estamos sempre nos esbarrando, conversando alguma coisa. Antes, eu tinha a sensação que a gente tava ali, meio isolados, somente o VALORANT. Agora são todos juntos, não apenas as lines. Temos o pessoal do financeiro, conteúdo e por aí vai.

Se estou com alguma dúvida, eu vou em algum andar e procuro a pessoa. A comunicação da empresa ficou muito melhor. Essa proximidade faz com a gente, daqui da Liquid, se sinta mais interligado, uns aos outros. Não quer dizer que isso não acontecida antes, mas as coisas ficaram mais rápidas.”


Lembrando que, para ler a entrevista completa, é só clicar aqui e conferir o restante da conversa. Nela, foram abordados assuntos sobre a equipe de VALORANT brasileiro, como a mudança de time, interação com outras lines da Liquid e a pressão por resultados.