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A FURIA segue invicta no VCT Américas, conseguindo excelentes partidas ao longo dessas duas semanas. Um dos pontos notados é a falta do técnico da equipe Carlão, que teve problemas com o seu visto. Contudo, para ajudar, a equipe conta com a presença do renomado General Manager, FrosT e conversamos, com exclusividade, com ele após o jogo.

Foram abordados assuntos sobre: dificuldades da barreira linguística, uma vez que ele fala apenas inglês; quais assuntos são abordados durante as pausas; responsabilidades com a equipe ao longo da semana e a preparação contra a LOUD, que é o próximo oponente da FURIA. Lembrando que a entrevista foi feita em inglês e traduzida para o português. Confira, com todos os detalhes, logo abaixo:

“Acho que os jogadores da LOUD, são individualmente incríveis”

Toda a equipe da FURIA, após vencer a Leviatán, com FrosT ao meio deles
Toda a equipe da FURIA, após vencer a Leviatán, com FrosT ao meio deles – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Não é de hoje que o assunto sobre barreira linguística vem sendo levantado no mundo dos eSports. No League of Legends, muito se discute sobre, se vale a pena ou não, investir em jogadores estrangeiros, uma vez que todos devem se adaptar ao inglês. A FURIA, do VALORANT, vem enfrentando isso, com a falta do Carlão e a presença de FrosT.

O técnico da FURIA está enfrentando alguns problemas com o seu visto e FrosT, que é o General Manager do time, está comandando a equipe de perto. Ao ser perguntado sobre as dificuldades com a comunicação, o GM respondeu o seguinte:

“Então o interessante é que no LOCK//IN, o Carlão, o técnico do time, fala inglês perfeitamente e ele sabe traduzir muito bem. E assim, eu os tenho ajudado desde o início de janeiro, após o intervalo da temporada passada, quando todos estavam se preparando para o LOCK//IN. Fui contratado para ser General Manager da FURIA de VALORANT.

Não sei se vocês conhecem a minha história, mas estou no eSports há muito tempo. Eu também fui treinador. Quero dizer, eu fui GM e coach de times como a 100 Thieves por um longo tempo. Então, quando vim para FURIA e conheci Carlão e começamos a conversar. Ele sabia da minha história, então ele sempre me perguntava sobre o jogo. E então chegou a um ponto em que comecei a ajudá-lo e aos jogadores, com conceitos antigos que usamos no 100 Thieves e todas essas coisas.

E basicamente ele apenas traduzia minhas ideias, com os jogadores. O engraçado é que muitos deles entendem inglês, mas não se comunicam em inglês. Muito da nossa comunicação, especialmente em LA, demoram mais porque usamos muito o Google Tradutor.

Eu tento falar o máximo de inglês possível. Eles estão aprendendo inglês, então é uma boa prática para eles. Contudo, posso afirmar que a dificuldade do idioma é provavelmente a coisa mais difícil sobre o que está acontecendo na FURIA agora. Mas o bom é que não sou brasileiro e isso é bom para os jogadores porque eles podem praticar inglês para mim, o que é o mais importante. Mas também eles aprendem o jogo de uma perspectiva diferente porque sou norte-americano e no CS, sempre estive perto de jogadores do Leste Europeu porque também sou o dono da Flipsid3 Tactics, que tem muita história no CSGO.

Então eu aprendi estratégia tática com markeloff e B1ad3, eu tive jogadores como o s1mple e electronic. Então muitos dos jogadores de CS:GO, que estão na Na’vi agora no CS, eles foram os meus jogadores e eu estive com eles por quatro anos. Com isso, os jogadores da FURIA estão aprendendo um pouco sobre táticas da Europa Oriental, do Counter Strike.

Além disso, eles estão aprendendo o VALORANT norte-americano, que aprendi na 100 Thives, com jogadores como o Hiko, nitr0 e Asuna. E os jogadores da FURIA são brasileiros e o Brasil é extremamente forte, correto? Então é como se eles estivessem aprendendo muitas coisas diferentes e misturando tudo em um jogo. Mas a linguagem é difícil. Confie em mim, é.”

FrosT cumprimentando os jogadores da KRÜ
FrosT cumprimentando os jogadores da KRÜ – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Outro detalhe que pôde ser notado na FURIA atual é a maturidade, por parte dos jogadores. Mesmo sem o Carlão, os jogadores mostram bastante sabedoria. Inclusive, dgzin falou sobre isso. Com isso, uma questão ficou no ar – o que é falado para os jogadores durante as pausas táticas, nas partidas?

Então, hoje, todo mundo estava com raiva da Pearl, porque tínhamos um plano de jogo. Executamos a primeira metade do plano de jogo e depois cometemos muitos erros e jogamos muitas rodadas de forma errada. E houve momentos específicos em que os jogadores fizeram coisas que pedimos que não fizessem, até que eu pedi uma pausa tática para falar com eles sobre algo e acabou não funcionando. Eles não fizeram o que eu havia passado.

Então hoje no intervalo depois do primeiro jogo, foi – O que importa agora é a Icebox. Porque muitos deles estavam bravos e eles estavam discutindo uns com os outros e falando coisas do tipo: por que você não fez isso, sabe? E é só. Então hoje foi mais, próximo mapa, próximo jogo, próxima rodada.

Normalmente, o Carlão é tachado como o mocinho e eu, normalmente, sou o cara mau. Então, normalmente eu estou corrigindo muitos erros, sabe? Um exemplo específico foram as situações de lurker com Khalil. Eu tive que corrigir algumas coisas durante o primeiro mapa, que estavam sendo executadas de uma forma diferente. Então, isso é uma forma de mostrar como as coisas foram um pouco estranhas.

Agora, no jogo contra a KRÜ Esports, as coisas já foram diferentes. Era mais eu tentando fazer com que eles se lembrassem do que nós conversamos no dia anterior ou durante a semana de treinos. Tipo: Ei, não se esqueça desse mapa, você deveria jogar assim agora, sabe? E não era isso que estava acontecendo hoje. Era mais eu falando com um jogador específico ou com todo o time, algo do tipo: Vamos lá galera, próximo mapa! Vamos discutir isso na nossa VOD review.”

A dupla FrosT e mazin, responsáveis por elaborar as táticas da equipe
A dupla FrosT e mazin, responsáveis por elaborar as táticas da equipe – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Com a distância e a falta do treinador Carlão, o trabalho durante a semana teve que ser mudado. FrosT comentou como as coisas estão funcionando e como vai ser, assim que o coach chegar em Los Angeles.

“Então Carlão e eu estamos sempre nos treinos. Carlão me ajuda na tradução, além de estar sempre no servidor com os jogadores. Ele ainda vai vir para LA, porém ele teve problemas com o visto, então, até agora, as coisas estão dando certo. Contudo, normalmente, eu conduzo as VOD’s review com os jogadores.

Além disso, eu converso especificamente com mazin, principalmente sobre estratégias, comps e coisas assim e, obviamente, repasso e faço o mesmo com o Carlão. Provavelmente sou o único General Manager do VALORANT que faz isso, mas também sou um dos únicos GM’s do VALORANT com experiência real, tanto como ex-jogador em outro gênero de jogo quanto, obviamente, já treinando times de CS:GO e VALORANT.

Então é uma combinação rara, porque eu já estive no lado onde o Carlão se encontra. Com isso, eu posso ajudar o Carlão. E isso me permite atuar como um treinador especialmente agora, uma vez que ele não se encontra aqui.

Mas assim, nós dois, eu e o Carlão, trabalhamos da seguinte forma: trocamos algumas ideias e depois a gente conta para o mazin. E isso funciona das outras formas também. Eu e o mazin trocamos ideias e contamos para o Carlão. Carlão e mazin têm ideias e eles me dizem isso. Meio que: ‘Ei, o que você acha disso? Nós criamos essa configuração’. E eu fico tipo: ‘Oh, cara, isso é bom’, ou, ‘Oh, eu realmente não gosto disso porque’. Ou seja, há muita colaboração entre nós dois.”

Por fim, o próximo confronto da FURIA é contra uma equipe bem forte no cenário de VALORANT, a LOUD. Além de ser a primeira vez que vemos os dois brasileiros jogando contra, é uma partida que vai isolar um líder. FrosT comentou o que ele aguarda para esse confronto empolgante:

“Acho que vai ser difícil porque, contra a Leviátan, tínhamos ideias muito boas sobre o que fazer contra eles porque os vimos jogar muito. Estudamos todos os jogos LOCK//IN. Conhecemos os jogadores. Eu estou familiarizado. O que estava acontecendo no ano passado na região da América Latina. Torrify, que jogou no FUSION , foi um dos jogadores que treinei.

Então, eu tenho muito conhecimento interno sobre a região, os jogadores e outras coisas. Isso nos ajudou a entrar nesta partida, porque todos tínhamos uma ideia do que fazer em cada mapa. Tocamos novas composições hoje. Não sei se você notou, mas, contra Leviátan, nós aplicamos não apenas novas estratégias, mas também jogamos algumas composições diferentes que não havíamos jogado antes. E isso foi específico para Leviátan

Agora, contra a LOUD, eu não acredito que você possa jogar ou estudar eles da mesma forma que a gente fez contra a Leviátan. Acho que os jogadores da LOUD, são individualmente incríveis e extremamente dinâmicos. Portanto, é realmente difícil identificar onde eles estarão, o que farão em determinadas configurações ou em determinadas situações.

Algumas equipes que jogam muito pesado nos fundamentos. Você quase pode criar uma imagem do que eles farão em determinadas situações. Qual é a abordagem ideal para o jogador? Você não pode fazer isso, por exemplo, com o aspas. Você não pode dizer, ‘Oh, ele vai jogar como’, ‘Sim, ele segura aqui’ ou ‘ele fica sentado aqui por esse tempo’, ‘ele faz isso e aquilo’. Esse não é o caso. Cada jogo, cada confronto, cada adversário, ele joga de forma diferente. Então, tentar estudar o aspas e pensar: ‘Cara, como vamos parar?’ É uma perda de tempo porque, individualmente, ele meio que faz suas próprias coisas e tentar adivinhar o que ele vai fazer, provavelmente só vai criar problemas. E o Less também é incrivelmente talentoso dessa mesma forma.

Portanto, a maneira como nos prepararemos contra a Leviatán, provavelmente não será a maneira pela qual nos prepararemos contra a LOUD. Eu acho que eles possuem um estilo solto. Se eles jogarem bem, vai ser muito difícil lidar com eles. Porém, se eles não jogarem bem, então, obviamente, você sabe, eu realmente consigo enxergar as nossas chances de vitória.”