A FURIA vem sendo um dos times que andam surpreendendo no VCT Américas. Os seus jogos sempre apresentam níveis elevados e uma adaptabilidade muito grande. Um dos jogadores que vem se destacando bastante, é o Khalil. Os seus números do jogador estão elevados, comprovando o tamanho da sua gameplay. Confira como foi a entrevista exclusiva com o jogador.
“A gente quer ganhar e quer crescer”

Durante a partida da FURIA contra a Cloud9, vimos a equipe brasileira tendo uma partida bem apática. Um dos fatores comentados era que o time norte-americano havia feito uma leitura perfeita do estilo da FURIA e buscou anular as táticas brasileiras. Khalil comentou sobre a partida e dessa percepção:
Assim, na minha opinião, não foi bem isso que aconteceu. Não acho que eles estudaram o nosso jogo e aplicaram uma estratégia anti tática. Eu acho que eles apenas fizeram o plano de jogo deles muito bem executado. Nós acabamos pecando em vários rounds, que acabou entregando muitos pontos importantes, principalmente nos econômicos, como aconteceu na Fracture.
Nós perdemos quatro rounds econômicos e isso acabou fazendo com que não tivéssemos um placar melhor na Fracture. E basicamente, esses pontos perdidos foram o que era necessário para que a gente saísse com a vitória hoje. Então, resumidamente, foi um conjunto de erros nossos e acertos deles, mas não uma leitura deles, por parte do nosso estilo de jogo.
Como falamos na introdução, Khalil está sendo um dos jogadores que vem sendo comentado, por conta da sua performance. Alguns outros jogadores, como o Aspas, já eram esperados que iria ter um estilo de jogo desse modo. Contudo, o que o Khalil está fazendo, é algo absurdo. O jogador comentou um pouco sobre essa sua evolução e tamanha performance:
Eu acho que é mais sobre a equipe do que sobre mim. A FURIA atual está sendo um time muito melhor do que antigamente. Eu aprendi novas coisas e sempre mantenho uma constante evolução. Uma coisa que eu tenho em mim é nunca deixar de treinar. Esses treinos de mira, análise de jogo, eu sempre fiz, nunca deixei de fazer ou fazer mal feito.
Eu sinto que continuo fazendo as coisas por igual e o que houve uma grande evolução é como o time está funcionando. Estamos mais encaixados, temos uma sincronia muito boa, somos amigos dentro e fora do servidor. Acho que é isso que acaba facilitando eu conseguir performar melhor e ter números tão bons na liga.
Durante as semanas que Carlão não estava nos EUA, a equipe da FURIA estava tendo um apoio do General Manager, o FrosT. Além de ser uma pessoa nova, a diferença de idioma acaba tendo um certo fator de dificuldade. Khalil comentou a falta que o treinador fez e como estava sendo jogar com o FrosT ao lado:
Eu acho que o FrosT é uma pessoa que entende muito do jogo. Posso dizer que o estilo dele é que nem ele falou, meio que ele é o cara mau. Isso se dá porque ele cobra bastante. Ele sempre está buscando a perfeição e não vai deixar de cobrar a gente por conta disso.
Se tiver alguma coisa errada ele já cobra. E ele não apenas cobra a gente, ele vai mostrar o que fizemos errado, como podemos corrigir e analisar. Nunca vamos ver uma cobrança onde não tem um fundamento. O seu estilo é desse jeito e isso pode ser visto como o “cara mau”, mas isso é uma coisa importante para o time, agrega muito.
Sobre o Carlão, a falta dele aqui é um fator bem importante. Além dele ser uma peça fundamental para o time, com o seu trabalho de técnico, ele é um cara que está com a gente desde o início. Não podemos colocar a culpa da falta dele na nossa derrota. Porém, com ele aqui ficaria muito mais fácil de treinar e quem sabe sair com a vitória.
As qualidades do FrosT são inigualáveis, ele ajuda muito, mas a diferença de idioma acaba dando uma dificuldade muito grande. Ele tem muita paciência em nos ensinar, repetir o que foi dito, falar devagar e até usar o tradutor. Contudo, é bem complicado conversar em inglês. Com o Carlão, vai ficar mais fácil, porque ele conversa bem em inglês e consegue transmitir bem as ideias que o FrosT entrega para gente.

Uma outra questão notada é a importância do jogador kon4n. O ex-jogador da TBK Esports sempre apresentou um estilo de jogo mais tático. Agora, na FURIA, ele está como o 6º jogador, mas o papel dele é um pouco mais fundamental. É possível ver o jogador conversando antes dos jogos, dando um apoio para a equipe. Khalil contou um pouco da importância do jogador para a FURIA:
O kon4n é um companheiro de time muito importante para gente. Ele sempre nos dá uns discursos motivadores, sempre nos deixando para cima. Sua oratória e visão de jogo são muito boas. Nos jogos, ele sempre reforça o que fizemos nos treinos, cobrando a nossa performance. Isso acaba nos deixando confortáveis.
Ele sempre vai deixar o clima lá em cima, mesmo quando a gente perde. Nas pausas entre mapas, ele sempre vai aparecer com algum dado, uma informação adversária e sempre vem com um discurso muito importante. Ele sempre vai estar lá, para nos reerguer. Sua função é muito mais do que um sexto player, é um companheiro de equipe crucial.
Estar no VCT Américas é um sonho de muitos jogadores e apenas poucos conseguiram. Contudo, mesmo com todo o glamour, de estar em outro país e vivendo um sonho, existem alguns problemas. Estar longe da família, outra cultura e em um idioma no qual você não tem fluência, acaba sendo um pouco complicado. Khalil contou um pouco como está sendo morar em Los Angeles e as dificuldades nas quais ele encontrou:
No início estava mais complicado, mas acho que agora as coisas começaram a ficar mais tranquilas. Uma das coisas que eu não gosto daqui são as comidas. Elas são meio estranhas, não sei dizer ao certo. Ainda tem muita opção boa, como os fast foods mesmo. Porém, tem alguma coisa que deixa tudo um pouco esquisito.
Sobre ficar longe, tipo de família e da minha namorada, é difícil mesmo e não tem uma solução para isso. A saudade bate às vezes e não posso fazer nada por isso, é complicado mesmo. Estamos há umas 12h do Brasil, não sei direito e já estou completando 2 meses aqui nos Estados Unidos e a saudade fica mais forte a cada dia que passa.
Contudo, é o meu sonho! A gente quer ganhar e quer crescer. Estamos aqui para realizar o nosso grande sonho. Sempre quis estar jogando no mais alto nível e estou realizando, jogando contra os melhores times. É a busca do sonho e essas coisas exigem certos sacrifícios e estou disposto a correr atrás do que estiver ao meu alcance.

Outro fator de estar jogando no mais alto nível é que os treinos têm uma grande mudança. Além de estar enfrentando times diferentes, são equipes que tiveram uma performance grande no passado e tiveram a chance de estar na liga também. Isso, com toda certeza, dá uma mudança no quesito qualidade. Khalil disse o seguinte, sobre os treinos no NA:
Eu senti uma grande diferença, principalmente porque os times daqui trocam muito tiro. Não sei se é um costume, vindo da fila ranqueada, mas eles gostam de atirar bastante. A agressividade é uma característica muito forte e junto a isso, eles adoram fazer trocação de um por um.
Isso é bem diferente do Brasil. A gente estava acostumado com rounds mais táticos, com os times fazendo leituras, usando habilidades. E olha que a região brasileira é conhecida por amar trocar tiro. Porém, aqui é bem diferente. Desde cedo, tem gente atirando, varando uma smoke, pegando informação com o corpo. Isso dá um ritmo diferente para o jogo. Além do mais, isso não é algo que acontece apenas nos treinos. Nas partidas do VCT Américas vemos muito isso.