Das organizações estrangeiras instaladas em nosso país, a que mais se destacou, sem sombra de dúvidas, é a Team Liquid. Eles chegaram nas terras canarinhas em 2018, no Rainbow Six Siege. Desde lá, foram anos de conquistas, como o título na Pro League, dominio no VALORANT Inclusivo, construção do Alienware Training Facility, a primeira loja física da Cavalaria. Para entender um pouco mais da história, conversamos com o Rafael Queiroz, General Manager da Team Liquid Brazil.
Rafael é mais que o General Manager da Liquid BR, ele foi um dos cabeças para o projeto. Quando a line MOPA Team, liderada pelo ziGueira estava sendo contratada, quem estava gerenciando tudo, era o Rafa. Ou seja, ele sempre esteve com o time, desde o ínicio, sendo promovido a cada ano, saindo de manager de equipe, para o que é hoje, GM da equipe. Então, se liga nessa entrevista, que fala mais sobre a equipe, planos e outras coisas, logo abaixo:
“Nós sempre buscamos ao máximo trazer valores positivos”

É inegável o quanto a Liquid BR cresceu. Tudo começou com apenas uma line, lá no R6, e hoje vocês são uma das organizações mais comentadas no cenário brasileiro. Inclusive, você foi o grande idealizador desse projeto. Quando você relembra o passado da organização, por acaso imaginava que chegaria a esse ponto, em quase 6 anos?
Crescer no Brasil sempre foi o nosso objetivo, se tornar relevante e obviamente ser notado, tanto no cenário brasileiro de eSports quanto para a Team Liquid global. Dizer que eu imaginaria que teríamos vários funcionários, vários times e um prédio inteiro para suportar a nossa operação local, quando começamos há 6 anos, eu estaria mentindo. Tudo cresceu organicamente e graças ao empenho de todos que já passaram e que ainda estão na Liquid.
Todas as vezes que eu converso ou conheço alguém da Liquid, fico surpreso em como elas possuem características parecidas. Sempre são pessoas apaixonadas pela organização e sempre buscam a qualidade em tudo que fazem. Como é o processo de passar os valores da Liquid para todas as pessoas que trabalham na organização? É algo de transmitir para as pessoas ou quando procuram elas, um dos requisitos é atender aos princípios da organização?
Eu fico feliz de ouvir sua percepção. Nós sempre buscamos ao máximo trazer valores positivos. Eu sempre digo que minha maior missão pessoal é impactar o máximo de pessoas positivamente e com isso permitir que elas consigam conquistar e realizar os seus sonhos.
Claro que o dia a dia às vezes é duro e exige muito de todos nós, mas acho que todos nos apegamos a fazer algo de bom para o cenário, em subir a barra sempre que possível, em fazer algo de incrível que nós mesmos sempre sonhamos em consumir como fãs de eSports.
É inegável que todo suporte global e toda a cultura de nossos CEOs impactam diretamente em tudo o que fazemos localmente também. Trabalhar na Liquid é um sonho para todos que estão fora e uma realização para todos que estão dentro e isso me deixa muito feliz.

Eu tive o privilégio de conhecer o Alienware Training Facility e o lugar é magnífico. É bastante perceptível que não foi um projeto fácil. Há quanto tempo vocês planejaram o Facility? Se você pudesse falar alguma dificuldade que aconteceu durante esse processo, qual seria?
Realmente é um projeto muito complexo. O mais incrível é que demoramos 7 meses definindo o projeto, cerca de 3 a 4 meses para aprovar o orçamento e a execução foi feita em apenas 4 meses também, ou seja, planejar foi o que mais exigiu da gente, pois tínhamos que prever algo que não servisse a gente só por 1 ou 2 anos, mas de 10 anos à frente.
Cada sala e cada andar foi totalmente planejado e com certeza o nosso maior desafio foi em adequar os custos ao que necessitávamos, mas no fim o resultado foi incrível e saiu muito melhor do que o esperado.
Quando você começou com a Liquid, você estava gerenciando apenas algumas pessoas. Agora, você é o líder da organização aqui no Brasil. Isso traz muitas responsabilidades. No quesito gerenciamento de pessoas, quanto você participa nisso? Comparado ao passado, gerenciar tantas pessoas assim traz quais tipos de problemas?
Eu amo lidar com pessoas, conversar com as pessoas, conhecer suas histórias, saber os seus sonhos. Acho que talvez essa seja uma das minhas melhores características, eu tento ser muito justo, muito legal e muito próximo de todos que estão comigo nessa jornada.
Claro que quanto maior fica a empresa, mais difícil fica pra mim passar mais tempo ao lado de todos, mas eu procuro saber como cada um deles está e como posso ajudá-los. Eu diria que participo bastante da gestão da Liquid, seja staff, sejam jogadores ou mesmo talentos, sempre procuro ficar próximo e ajudar no que for possível. Eu entendo que a organização é feita de pessoas incríveis e não de uma única ideia ou de um único executor.
Quando eu entrevistei a Dani Coelho, perguntei a ela sobre a independência da line. Ela me disse que elas são bem livres e que conseguem sugerir muitas coisas. Claro que as coisas tem que ser avaliadas, criteriosamente. Contudo, uma pergunta ficou aberta: Como é a relação entre a Liquid Brasil com a Liquid principal, na questão de autonomia?
A gente não tem esse tipo de divisão. Todos os projetos globais são replicados localmente, claro que adaptamos para a cultura local, mas seguimos as mesmas diretrizes, planejamentos e execuções. Não existe “Liquid Principal” e “Liquid Brasil”, somos todos Team Liquid atuando ao redor do mundo. 🙂
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Muitas pessoas ficam pedindo que a Liquid Brasil se insira ainda mais no cenário nacional, com mais lines e até em outros jogos. Porém, é visível que existe todo um estudo de viabilidade para que novas lines apareçam. De acordo com o que você pode dizer, como é o processo para ter uma nova line da Liquid no Brasil? Podemos esperar algumas novidades em breve?
Na verdade, o tempo todo estamos estudando formas de entrar em novos jogos. Precisamos ver planos de longo prazo, capacidade de gerar receita, talentos que façam sentido e uma comunidade grande ou com grande potencial para que possamos mergulhar de cabeça em novos desafios.
Eu, estando no Brasil, gostaria de ter todos os jogos possíveis aqui. Porém, entendo que em alguns casos outras regiões fazem muito mais sentido. Por outro lado é muito legal ver a possibilidade de termos fãs que, na ausência de um time BR na competição, possa torcer pela Liquid, que é 30% Brasileira!
Quando se pensa em organizações de Esports, muitos lembram apenas do time e esquecem o que está por trás. E, querendo ou não, isso é claro, pois é realmente um trabalho nos bastidores. Porém, para exemplificar para o público, qual é a sua função dentro da Liquid? Se for comparar com uma empresa mais tradicional, podemos dizer que o seu cargo seria de um diretor?
Hoje eu sou General Manager da Team Liquid no Brasil, seria o equivalente a um Diretor Executivo. Eu acabo olhando a operação como um todo, cuido da estratégia aplicada ao Brasil e olho a operação de um ponto de vista holístico.
Atualmente, temos 3 divisões da Liquid ao redor do mundo: EUA que é tocada pelo nosso CO CEO Steve, Europa que é tocada pelo nosso fundador e CO CEO Victor e o Brasil que sou eu quem dirige, reportando diretamente para nosso time executivo.
Recentemente, tivemos o Game Changers Championship, onde a Liquid Brasil participou e vimos você bastante presente, seja na torcida ou acompanhando elas no pós jogo. Por mais que o resultado acabou não sendo o título, foi possível ver que teve muito apoio, de todos os membros, naquele momento de fragilidade das meninas. Em campeonatos assim, quando você participa, o que você costuma falar para os jogadores que estão participando? Como você enxerga o seu papel nesses momentos?
Eu tento ser um pilar para que todos da equipe se sintam confortáveis e apoiados. O time foi incrível e acho que às vezes a pressão de vencer já é mais do que suficiente para te deixar mais ansioso e apreensivo. Portanto, meu papel é assegurar que todos nossos times tenham apoio para tudo que necessitam, mas em especial apoio moral e emocional para lidar com qualquer resultado.
Procuro estar muito presente nos campeonatos, assisto praticamente todos os jogos e faço questão de passar nas salas de treino no dia a dia, pois quero que eles vejam que tem acesso a mim e a qualquer outra pessoa da Liquid para terem suporte.
Sei que é bem difícil de falar o que o futuro aguarda, porque existem muitas variáveis envolvidas nisso. Porém, se pudesse falar um pouco do que a Cavalaria pode esperar para o futuro, o que seria?
Continuar crescendo, vencendo, trabalhando e impactando as pessoas de forma positiva!