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A FURIA vem sendo um dos times que vem mais conquistando destaque no VCT Américas. Além de ter uma base muito sólida, com poucas mudanças, a equipe começou a apresentar um estilo bem único. Mazin, o atual capitão da equipe, conversou com exclusividade, contando um pouco sobre a sua experiência dentro da equipe.

“Parece que a galera treina menos”

O jogo contra a Evil Geniuses apresentou algumas dificuldades, logo de início. A partida estava extremamente pegada, tendo uma prorrogação logo no primeiro mapa. Mesmo assim, a vitória por 2-1 chegou e deixou a FURIA numa situação mais confortável dentro do VCT Américas. Mazin contou um pouco sobre o que ele achou da série contra a EG:

Então, eu acho que a gente teve um pouco de dificuldade para se preparar durante essa semana. Não foi uma semana tão boa quanto tivemos no início do campeonato, especialmente por ser a super semana, né? Tivemos menos tempo para nos preparar, o que pesou um pouco. E acho que nosso desempenho hoje não foi dos melhores. Apesar de termos jogado bem, treinamos muito contra eles, então os times se conheciam bastante.

Tivemos que mudar e improvisar para nos adaptar em alguns momentos. Acredito que esse tenha sido um dos motivos pelo qual o jogo foi mais difícil, pois eles conheciam bem nossa equipe e nós também os conhecíamos. Sabíamos que seria um jogo difícil e além disso, era extremamente importante.

Apesar de eles não estarem em uma situação tão boa no campeonato, sabíamos que para eles era um jogo valioso, pois estavam com um placar de um jogo vencido e dois perdidos, enquanto nós estávamos com dois jogos vencidos e um perdido. Ou seja, se eles ganhassem, passariam à nossa frente na tabela. Portanto, sabíamos que era um jogo importante tanto para eles quanto para nós.

A ‘Super Week’ foi um período onde se uniu duas rodadas do VCT Américas em apenas uma. Com isso, as equipes tiveram menos tempo de estudo, treino e descanso. Ou seja, toda a rotina teve que ser mudada, causando certos desconfortos. Mazin fala em como a ‘Super Week’ muda o comportamento dos times e como ele acredita que as equipes devem se portar nesse tipo de rotina:

Eu acredito que temos que fazer uma grande mescla de conceitos e estilos de treinos. Tem mapas, como é o caso da Ascent, que jogamos muito, acredito que foram três vezes. Ou seja, os times possuem muito material nosso sobre ele. Por exemplo, daqui a poucos dias vamos ter mais um jogo e os times podem usar tudo que fizemos para tentar nos counterar.

E é aí que entra o lance de mesclar conceitos. Acredito que os times, nesses tempos mais corridos, como a ‘Super Week’, precisam preparar novidades, mas sem buscar grandes mudanças. Então, acredito que é isso. Além disso, precisamos corrigir nossos erros e criar novas estratégias, já que não podemos jogar sempre da mesma forma ou com a mesma ideia. Os outros times podem nos observar e temos pouco tempo para fazer mudanças significativas em certos momentos.

Já fazem algumas semanas que a FURIA vem jogando sem o seu treinador, Carlão. O técnico teve problemas com o seu visto e o General Manager, FrosT, vem assumindo esse papel de liderança. Inclusive, o mesmo conversou com a gente, em exclusividade, contando como está sendo essa experiência.

Mazin, por ser o capitão da equipe, é uma das pessoas que sente bastante o impacto. Ele contou em como está sendo a adaptação e os impactos de estar longe do seu treinador:

FrosT e mazin, conversando antes da partida, pelo VCT Américas
FrosT e mazin, conversando antes da partida, pelo VCT Américas – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Então, o Carlão é um cara muito importante não só para mim, mas para o time também. Nós confiamos muito nele e estamos juntos há muito tempo. Deve fazer uns dois anos que eu estou na FURIA e ele sempre esteve lá, junto a mim. Ou seja, ele me conhece bastante e eu também conheço ele.

Agora, o FrosT é um cara que eu estou conhecendo agora, além de eu ser IGL há pouco tempo também. Então é comum haver momentos de debates e divergências entre as ideias. Porém, ele tem me ajudado demais, principalmente quando falamos sobre análises. Ele possui uma visão analítica muito grande, tendo uma noção bem grande sobre as equipes que vamos enfrentar.

O FrosT não vai ser um cara que vai definir como vamos jogar ou tomar decisões a nível macro. Sua maior característica é observar o nosso estilo e tentar adaptar de uma forma, na qual ele conhece, por conta das suas experiências. Acredito que, o maior diferencial dele – e o que mais vem tendo impacto com a gente – não é mudar o nosso estilo, mas sim acrescentar novos caminhos e possibilidades.

mazin e mwzera, jogadores que finalmente se encontraram, usando a camisa da FURIA
mazin e mwzera, jogadores que finalmente se encontraram, usando a camisa da FURIA – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Aproveitando o assunto do tempo no qual o mazin está junto da FURIA, tem a questão da evolução da equipe. Eles foram um dos times que fizeram mudanças pontuais na line. Depois de 2022, a equipe deu adeus ao antigo capitão, nzr, que foi para a Leviatán e anunciaram o mwzera. Além disso, a equipe apresentou uma performance muito positiva no LOCK//IN e agora, no VCT Américas.

O capitão disse, de acordo com a sua visão, quais foram as maiores mudanças da equipe e os motivos de tanta evolução:

Eu acredito que a inserção do mwzera, no nosso time, foi algo extremamente positivo. É claro que todos nós tínhamos um carinho especial com o manito, nzr. Ele esteve conosco por muito tempo e participou de várias conquistas. Porém, com a ida dele para a Leviatán, a gente ficou carecendo de um jogador com uma experiência sólida.

E foi aí que tivemos a chance de conversar com o mw. Ele é um cara que carrega consigo muita confiança. Nós sempre tivemos um certo contato, dentro do VALORANT e já expressamos a vontade de jogarmos juntos, em algum dia, no futuro. Então, por conta dessa vontade, isso ajudou no crescimento da equipe. Nós temos um clima muito positivo. Claro que, existem momentos de discussão, principalmente nos treinos, mas esses momentos precisam existir. Contudo, no ademais, toda a nossa convivência é muito positiva. Acredito que isso é um dos principais pontos do quanto crescemos como equipe, quando analisamos nosso ano passado e agora, no VCT Américas.

Agora que a gente tá na franquia, todo mundo entende a seriedade disso. Nós entendemos o que precisamos fazer no nosso dia a dia. Eu acredito que hoje a gente cobra mais de algumas coisas que a gente não cobrava antigamente, entendeu? Eu sou um cara que esta tentando cobrar bastante os meninos também, quando não concordo com alguma coisa ou quando a gente precisa arrumar alguma coisa que tá ruim, eu tenho sido bem rígido. Tento cobrar o máximo, para que as coisas se alinhem e a gente sempre tenha um ponto de evolução.

Porque eu acho que o problema é que as nossas lines antigas sempre tiveram, era que a gente não conseguia evoluir. A gente chegava no estágio e parava ali, a gente oscilava muito, fazia bons jogos e outros jogos ruins. Eu acho que agora eu tento cobrar o time todo dia e, independentemente se for uma vitória, uma derrota, um bom ou ruim treino, tento cobrar para que a gente nunca pare de ter essa curva de evolução.

Equipe da FURIA indo para a sua partida, no VCT Américas
Equipe da FURIA indo para a sua partida, no VCT Américas – Fonte: Divulgação/VCT Americas Flickr

Um ponto que vem sendo comentado bastante, tanto aqui no Brasil, quanto nos Estados Unidos, é o quanto os times brasileiros vem performando bem. Muitos esperavam que a LOUD teria um certo domínio, mas não imaginava-se que seria de tal dimensão. Além disso, as demais equipes vem crescendo bastante.

Então, eu não consigo pensar em um motivo específico. Acho que por exemplo, a LOUD, eu acredito que eles têm uma base muito sólida, desde a line para antiga deles. Então eles têm um jeito de jogar que funciona há muito tempo. Eu acho que eles conseguem trazer uma certa excelência com eles até hoje. Eu acho que, os demais times brasileiros, junto de todo o resto do VCT Américas, estão buscando chegar nesse nível de excelência. Buscar conquistar um pouco do que a LOUD conquistou.

Eu acredito que os times brasileiros estão conseguindo trabalhar de uma forma melhor aqui foi por um motivo, os treinos. Porque é uma coisa que eu percebi aqui no NA, é que parece que a galera treina menos, não sei dizer ao certo. Talvez pode ser um julgamento errado, mas por exemplo quando a gente chegou aqui a quantidade de treinos que a gente procurava no dia, às vezes, a gente não conseguia bater. E isso era algo que a gente conseguia com certa facilidade aí no Brasil. Tinha dia que a gente queria treinar quatro mapas e aqui a gente só conseguia três.

Então, eu não sei se é a forma no qual esses times têm o costume de trabalhar, focando menos na prática e mais na teoria. E colocando como uma comparação, com o que o Brasil tem feito e que o NA faz, acho que o nosso trabalho tem tendo mais resultado no VALORANT. Porque isso é uma coisa interna deles, mas se fosse para colocar uma coisa como ponto principal seria a forma em que se trabalha no dia a dia.

Uma questão que já foi levantada pelo dgzin, lá no início do campeonato, foi a questão das partidas ranqueadas nos Estados Unidos. Não somente ele, mas diversos jogadores brasileiros vem falando que o nível não é bom e que o foco é muito mais a diversão e não o crescimento. Mazin contou a sua experiência com a nova fila ranqueada:

Esse é um ponto importante. A ranked aqui, pode-se dizer que são realmente bem ruins. Tipo assim tem partidas que os caras realmente não ligam para nada e na maioria delas, a galera escolhe qualquer agente. Não que alguém deva ter obrigação de jogar com determinado agente. Porém, a diferença entre aqui e no Brasil, é que os brasileiros normalmente jogam com uma composição que está mais no meta.

A gente tenta usar composições de partidas profissionais até na ranked, pelo menos nos elos mais altos. No Brasil, você vai jogar uma fila de alto nível normalmente e a galera tá com os agentes do meta ou que a gente é acostumado a jogar contra no campeonato. Então, chega aqui a galera joga de qualquer forma. Eu acho que eles jogam mais com que eles têm conforto, com o que eles gostam e a gente não consegue fazer um treino. Meio que a gente não consegue treinar o nosso individual, com os nossos agentes do dia a dia. Esse talvez seja um ponto também onde a ranked seja tão ruim. É praticamente impossível você treinar o seu individual, tirando a mira, em uma ranqueada. O motivo é bem simples, a galera não leva nem um pouco a sério.